Continuamos
as provocações dos chefes para pegarem Jesus numa declaração comprometedora. O
tema agora é a santidade do povo de Deus. Qual é o núcleo da fé? O que sustenta
a Lei de Deus? Havia nos líderes do povo tendências diferentes sobre a fé. A
pergunta em questão, qual é o maior mandamento, significa na linguagem dos
rabinos, qual é o maior do qual todos os mandamentos dependem e tomam seu
significado. Jesus responde citando o texto de Deuteronômio 6,4-9: “Amarás o
Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, como toda a tua
mente”. Grande mandamento no seu conteúdo, o primeiro entre todos os
mandamentos, o primeiro para ser observado, sem o qual os outros não teriam nem
sentido nem significado. E Jesus ensina que o segundo é igual ao primeiro
mandamento do amor a Deus: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19,18). A palavra
igual não se refere só a uma semelhança, mas é o termo que indica a mesma
substância. Somente poderemos ter certeza que amamos a Deus quando amamos o
próximo. S. João é claro em seu ensinamento: “Quem não ama seu irmão, a quem vê,
a Deus que não vê, não poderá amar” (1Jo 4,20). Para chegar a cumprir os três mandamentos que se
referem a Deus, é necessário cumprir os sete mandamentos referentes ao amor ao
próximo. A comunhão com Deus se realiza na comunhão com o outro. “Amemo-nos uns
aos outros, pois o amor é de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e
conhece a Deus. Aquele que não ama, não conheceu a Deus, porque Deus é amor” (1Jo 4,7-8).
Quem
é o próximo?
Com
a resposta aos fariseus sobre o fundamento da Lei, Jesus dá sua lei
fundamental. Sem o amor ao próximo não há amor a Deus. E lembramos que já respondeu
a essa pergunta em outro texto com a parábola do Bom Samaritano (Lc 10,29-37). A lei
antigava que os mais deserdados são nossos próximos, pois são os mais próximos
de Deus Pai misericordioso que assume para Si seu cuidado. O primeiro deles é o
estrangeiro. O mundo vive uma crise muito grande de emigração por causa de
guerras e de situações naturais de secas e outros. O povo de Deus deve lembrar
que foi estrangeiro, escravo e segregado. Países que tiveram que emigrar agora são
fechados à imigração. Ser estrangeiro é muito difícil, mesmo que tenha
condições financeiras. O fechamento é diabólico. Temos a seguir velhos,
crianças, jovens, viciados e tantos... Tantos tipos de exclusão. O mundo depois
de tanto progresso regride no fundamental que é o cuidado com o ser humano. O
Pai tem o cuidado de que seus filhos não passem frio, por isso não podem dormir
descobertos.
A
caridade evangeliza
Paulo
elogia os tessalonicenses por acolher a Palavra. Assim ficaram conhecidos por
toda parte pela sua conversão e vida cristã assumida. Desde modo se fizeram
evangelizadores. Essa atitude transformadora anima as demais comunidades. Em
nossas comunidades estamos ainda muito bloqueados no processo de conversão.
Levamos facilmente uma vida dupla crendo em Jesus e fazendo diferente ao que
ensinou, sobretudo, no que se refere à caridade. Há muitas misérias nas
comunidades que não são cuidadas. Por isso perdemos o sentido de evangelização
que leve a buscar o mesmo caminho. Superando o egoísmo poderemos de um sentido
melhor à vida da comunidade no caminho do amor.
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