Evangelho
segundo S. Lucas 6,12-19.
Naqueles dias, Jesus subiu ao monte para rezar e passou a
noite em oração a Deus.Quando amanheceu, chamou os discípulos e escolheu doze entre eles, a quem deu o
nome de apóstolos: Simão, a quem deu também o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João;
Filipe e Bartolomeu, Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado o Zelota; Judas, irmão de Tiago, e Judas Iscariotes, que veio a ser o traidor. Depois desceu com eles do monte e deteve-Se num sítio plano, com numerosos
discípulos e uma grande multidão de pessoas de toda a Judeia, de Jerusalém e do
litoral de Tiro e de Sidónia. Tinham vindo para ouvir Jesus e serem curados das suas doenças. Os que eram
atormentados por espíritos impuros também ficavam curados. Toda a multidão procurava tocar Jesus, porque saía d’Ele uma força que a todos
sarava.
Tradução litúrgica da Bíblia
Contra Celso, I, 62
A palavra dos apóstolos
Simão e Judas ressoou por toda a terra
Se Jesus tivesse escolhido para ministros dos
seus ensinamentos homens sábios segundo a opinião pública, capazes de
compreender e de exprimir ideias caras à multidão, poderiam tê-lo acusado de
pregar segundo o método dos filósofos de escola, e o carácter divino da sua
doutrina não se teria mostrado com toda a sua evidência. A sua doutrina e a sua
pregação teriam consistido «em sabedoria de palavras» (1Cor 1,17) […]; e a
nossa fé, semelhante àquela com que se adere às doutrinas dos filósofos deste
mundo, assentaria na sabedoria dos homens e não no poder de Deus (cf 1Cor 2,5).
Mas, quando vemos pescadores e publicanos sem instrução terem a ousadia de
discutir com os judeus a fé em Jesus Cristo, de a pregar ao resto do mundo, e
de conseguir lá chegar, não podemos deixar de procurar a origem deste poder de
persuasão. Como não podemos deixar de confessar que Jesus cumpriu a sua palavra
– «Vinde após Mim e Eu farei de vós pescadores de homens» (Mt 4,19) – nos seus
apóstolos por meio de um poder divino. Também Paulo manifesta este poder quando escreve: «A minha palavra e a minha
pregação não consistiram em discursos persuasivos da sabedoria humana, mas na
manifestação do Espírito e do poder divino» (1Cor 2,4) […]. O mesmo haviam já
dito os profetas, quando anunciaram a pregação do Evangelho: «O Senhor dá a
palavra e os anunciadores da Boa Nova são uma multidão», a fim de que «rápida
corra a sua palavra» (Sl 67, 12; 147, 4). E, de facto, vemos que «a voz» dos
apóstolos de Jesus ressoa «por toda a terra, até aos confins do universo a sua
palavra» (Sl 18, 5; Rom 10, 18). É por este motivo que aqueles que escutam a
palavra de Deus poderosamente enunciada se enchem de poder, manifestando-o pela
sua conduta e pela sua luta em prol da verdade até à morte.
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