sábado, 21 de outubro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Para Deus nada é impossível”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Terás um tesouro no céu
               É difícil compreender como nos apegamos a um monte de lixo e jogamos fora os diamantes que nos são oferecidos. Nossa sociedade tem muita ciência, mas pouca sabedoria. As leituras de hoje nos conduzem a compreender a grande sabedoria de viver além da vida carnal. A ganância cega-nos de tal modo que não somos capazes de ver além. Aí tudo vale. O evangelista Marcos apresenta, no contexto destes domingos, um catecismo para a vida cristã. São problemas que nos atingem: Matrimônio, crianças, bens materiais e o poder na comunidade. Com os olhos abertos, como no milagre do cego de Jericó, podemos seguir Jesus, como lemos no evangelho da cura do cego (Mc 10, 46-52). No evangelho deste domingo encontramos o fato do moço rico que se apresenta a Jesus. Ele tinha uma vida muito correta e vivia os mandamentos: Jesus gostou do moço e ofereceu o que lhe faltava: Despojar-se de tudo e segui-Lo, isto é, te-Lo como a maior riqueza. Ele se afasta triste e Jesus afirma a dificuldade de se libertar do apego aos bens. Jesus não condena a riqueza, condena o apego. Deus pode dar o desapego. E, a quem deixa tudo, 100 vezes mais será dado (com perseguições – Mc 10,30) e depois a vida eterna. E acrescenta que é difícil um rico entrar no Reino do Céu. Jesus propõe multiplicar os bens na fraternidade, na sabedoria da partilha. Com o seguimento de Jesus vai ser possível ser rico sendo fraterno. E há muitos assim. Vejam quantos santos foram reis e rainhas. A riqueza sem sabedoria é aquela que é injusta e que prejudica os outros e age na corrupção. Entrar no Reino (Mc 10,24-25) é concretizar a busca do único necessário: Jesus. Ele é a riqueza que dura para sempre. “É mais fácil passar um camelo pelo buraco da agulha que um rico entrar no Reino de Deus” (Mc 10,25). Esta agulha é uma porta muito estreita que havia na muralha de Jerusalém (Há outras interpretações). Mas permanece a idéia: é difícil entrar no Reino quando se é apegado às riquezas.
Preferi a sabedoria
               O Livro da Sabedoria foi escrito no Egito pelo ano 50 AC., por judeus fiéis que queriam mostrar que a sabedoria pagã não resolvia os problemas da vida, mas sim a Sabedoria que vem de Deus. Jesus é a Sabedoria de Deus. A Sabedoria é o maior dom que podemos receber, acima de toda a riqueza (Sb 7,8). Por ela se adquirem todos os bens: “Todos os bens me vieram com ela, pois uma riqueza incalculável está em sua mão” (Sb 7,11). Ela precisa ser pedida. Lembramos a oração para obter a Sabedoria como diz: “Supliquei e veio a mim o espírito de sabedoria” (7). O Salmo responsorial dá-nos os princípios de sabedoria: “Saciai-nos com vosso amor e exultaremos de alegria! Ensinai-nos a contar nossos dias e daí ao nosso coração sabedoria” (Sl 89). A ciência com a sabedoria que vem de Deus, é um tesouro inigualável. Sem sabedoria a ciência se torna um perigo para o homem e o mundo.
A Palavra de Deus é viva
               A Sabedoria é a Palavra de Deus. Esta sim é o caminho para superarmos as dificuldades que a riqueza nos traz. Esta Palavra é viva e não só um texto a ser lido. É viva porque está unida a quem a pronunciou: O próprio Deus que em Cristo é sua Palavra encarnada. A Palavra discerne para nós até à distinção da parte psicológica e espiritual. Diante da Palavra de Deus tudo se explica e fica claro. Jesus diz que Ele não julga ninguém. Quem julga é a Palavra. A ela devemos prestar contas (Hb. 4,12-13). Na celebração ouvimos a Palavra que nos estimula a dar o devido valor aos bens deste mundo. 

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