sábado, 2 de maio de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Espinho na carne”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
A força da pregação
                        Voltamos, com este domingo, ao ritmo normal do Tempo Comum interrompido pelo tempo da Quaresma e da Páscoa. O Tempo Comum celebra Jesus em seu mistério total. Assim vamos penetrando lentamente a vida e missão do Redentor, continuando a leitura do evangelho de Marcos. No texto de hoje, contemplamos Jesus que vai a Nazaré, sua terra. Ele tem somente a palavra como modo normal do anúncio do Reino, que comprova depois com os milagres. No dia de sábado, vai à sinagoga e começa a ensinar. Lucas dá detalhes dessa visita, mostrando como era o cotidiano de Jesus em relação ao culto na comunidade. Era seu costume freqüentá-la todos os sábados. Seus compatriotas, vendo Sua sabedoria, Seus milagres, não suportaram de ciúmes e começaram a murmurar: De onde vêm essa sabedoria e esses milagres? Não é o carpinteiro? Sua família não mora aqui? A força da pregação de Jesus impressiona fortemente Seus compatriotas. Jesus diz aquela frase forte: “Nenhum profeta é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares”. Com essas palavras está se colocando na linha dos antigos profetas. É o carpinteiro, mas algo mais, um profeta. Eles, que viveram tanto com Ele, desconhecem Sua profundidade, Sua missão e atuação. João evangelista afirma que o “Verbo veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam” (1,11).  A força da pregação se confronta com a recusa. Mas é preciso evangelizar. Jesus percorre, então, os povoados da redondeza.
Satanás a me esbofetear
O título “espinho na carne” parece ser exagerado. Reflete contudo o que sente o profeta e o evangelista ao serem recusados. Paulo, contemplando sua vida abençoada com tantas graças, vê na recusa satânica dos irmãos (no caso os judeus ou os falsos irmãos) a sua tentação. É a isso que ele chama de espinho na carne. É um anjo de satanás a esbofeteá-lo. E considera isso um bem para que não fique cheio de orgulho pelas maravilhas que vive. A recusa é dolorosa. Jesus reclama, Paulo a sente, o profeta Ezequiel ouve do próprio Deus: anuncia, quer te escutem ou não! Por que esse mistério tão profundo da rejeição? Da recusa de Israel surgiu o cristianismo entre os pagãos. Esses três grandes pregadores dão ao povo uma certeza, aceitem ou não, que há um Profeta no meio deles e que a Palavra é anunciada. Pode Satanás esbofetear o quanto quiser. Afinal, é uma certeza da Verdade que pregamos. Do contrário, até ajudaria, como o faz.
A força da fraqueza
            Vemos nos pregadores da Verdade uma realidade muito forte: a fraqueza. Somos fracos como pessoas, até despreparados da boa ciência. Somos fracos diante de tanta objeção e rejeição. Jesus não conseguiu nada entre seus compatriotas que, por sinal deveriam dar apoio. Paulo não teve sucesso com os judeus e passou aos pagãos e foi perseguido pelos cristãos que queriam impor o judaísmo aos convertidos do paganismo. Mas de onde tiraram forças? Onde buscamos a força de continuar. Aqui recebemos as belas palavras de Jesus a Paulo: “Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força se manifesta” (2Cor12,9). É na fraqueza que se manifesta a força de Deus. Por isso Paulo diz: “Eu me alegro em minhas fraquezas... perseguições sofridas por amor de Cristo. Pois, quando eu me sinto fraco, é então que sou forte” (10).  Em nossa fraqueza Deus é forte. O apóstolo de Cristo passa pelas mesmas dores de Cristo e também pela mesma rejeição.

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