O
texto do evangelho de João (6,60-69) é a conclusão do discurso do Pão da Vida. Jesus
apresenta o conteúdo de sua missão que consiste em revelar-nos que Ele é a
Vida. Para ter essa vida precisamos crer e comer sua carne. Ao ouvirem a proposta
de Jesus de comer sua Carne, os discípulos tiveram uma decepção em seu
entusiasmo. Retiram-se! Permanece apenas um grupinho dos discípulos envergonhado
e estarrecido. Dizem: “Esta palavra é dura, quem consegue escutá-la?” Conforme
um autor explica, duro significa que vai além da palavra e chega ao fato, à
obra. Escutar é o mesmo que obedecer e praticar. Esse ensinamento de Jesus está
no centro de sua doutrina e provoca. Por isso, vemos que o povo se afasta da
comunhão. Os evangélicos não crêem como cremos na Eucaristia como corpo do
Senhor para ser consumido. Para compreender é necessário nascer do Espírito,
mudar de nossa condição humana de passar para a espiritual. O Espírito
vivifica, a carne nada vale (Jo 6,63). Jesus não se interessa em diminuir a
verdade para conquistar votos. Diz claro: “E vocês, não querem ir embora?”
Pedro faz o ato de fé: “A quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna. Nós
cremos firmemente e reconhecemos que Tu és o Santo de Deus!” Santo de Deus é o
Sumo Sacerdote que tem o Espírito Santo. É o Pai que fala em Pedro. Quando
acolhemos Jesus pela fé entramos em comunhão com Ele, pelo Pão da Vida. Comendo
sua Carne, nós proclamamos: ‘Iremos a Ti, porque Tu és o Santo de Deus’. Tem me
impressionado muito, na confissão, as pessoas dizerem que, mesmo estando em
dificuldades precisavam da comunhão. Não sem razão, o versículo do salmo canta:
“Provai e vede quão suave é o Senhor!” É a busca do Senhor, que tem palavras de
vida eterna.
Nós
serviremos ao Senhor
Josué, depois de entrar na Terra
Prometida, em Siquém, faz ao povo a proposta para que se decida (24,1-18): “Quereis
servir a Deus ou aos deuses desses povos aqui presentes?” A resposta é clara:
“Nós serviremos ao Senhor, porque Ele é nosso Deus”. Deus já fizera tantas
maravilhas em sua história. Assim se renova a aliança. Os discípulos foram colocados
diante de uma decisão: “Não quereis ir embora?”. Em cada momento da vida somos
colocados diante de opções por Cristo e contra Cristo. Não há meio termo. É
aqui que atolamos em nossa vida cristã. Queremos meios compromissos, decisões
oportunas: “Quero até certo ponto”. “Aceito Deus, mas não aceito a religião,
quer dizer, seu evangelho”. “Pratico a verdade que me interessa.” Assim somos
réus do Corpo e Sangue de Cristo. O Evangelho nos aperta também. A quem iremos?
“Tu tens palavras de Vida Eterna”.
Este
mistério é grande!
O texto de Paulo sobre o
relacionamento marido e mulher não está ligado ao texto de João, mas podemos
fazer uma reflexão. Paulo trabalha a questão da submissão da mulher ao marido e
do amor do marido à esposa. Por um lado o contexto é cultural; por outro lado Paulo
dá a solução cristã: ser como Cristo e a Igreja: Cristo se doa e associa a si a
Igreja, como o marido à mulher, e esta acolhe o marido como a Igreja acolhe a
Cristo. Eu interpretaria que o matrimônio é uma Eucaristia continuada, na qual,
tendo se unido a Cristo comendo o pão da Vida, realiza-se a comunhão total de
duas pessoas, dando uma à outra não só um corpo, mas uma vida que é também
espiritual. No matrimonio se proclama que Cristo tem Palavras de vida eterna. Dando-se
amor, dão-se Deus, pois Deus é amor.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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