quinta-feira, 21 de maio de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Só tu tens palavras de Vida Eterna”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
A quem iremos?
            O texto do evangelho de João (6,60-69) é a conclusão do discurso do Pão da Vida. Jesus apresenta o conteúdo de sua missão que consiste em revelar-nos que Ele é a Vida. Para ter essa vida precisamos crer e comer sua carne. Ao ouvirem a proposta de Jesus de comer sua Carne, os discípulos tiveram uma decepção em seu entusiasmo. Retiram-se! Permanece apenas um grupinho dos discípulos envergonhado e estarrecido. Dizem: “Esta palavra é dura, quem consegue escutá-la?” Conforme um autor explica, duro significa que vai além da palavra e chega ao fato, à obra. Escutar é o mesmo que obedecer e praticar. Esse ensinamento de Jesus está no centro de sua doutrina e provoca. Por isso, vemos que o povo se afasta da comunhão. Os evangélicos não crêem como cremos na Eucaristia como corpo do Senhor para ser consumido. Para compreender é necessário nascer do Espírito, mudar de nossa condição humana de passar para a espiritual. O Espírito vivifica, a carne nada vale (Jo 6,63). Jesus não se interessa em diminuir a verdade para conquistar votos. Diz claro: “E vocês, não querem ir embora?” Pedro faz o ato de fé: “A quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que Tu és o Santo de Deus!” Santo de Deus é o Sumo Sacerdote que tem o Espírito Santo. É o Pai que fala em Pedro. Quando acolhemos Jesus pela fé entramos em comunhão com Ele, pelo Pão da Vida. Comendo sua Carne, nós proclamamos: ‘Iremos a Ti, porque Tu és o Santo de Deus’. Tem me impressionado muito, na confissão, as pessoas dizerem que, mesmo estando em dificuldades precisavam da comunhão. Não sem razão, o versículo do salmo canta: “Provai e vede quão suave é o Senhor!” É a busca do Senhor, que tem palavras de vida eterna.
Nós serviremos ao Senhor
            Josué, depois de entrar na Terra Prometida, em Siquém, faz ao povo a proposta para que se decida (24,1-18): “Quereis servir a Deus ou aos deuses desses povos aqui presentes?” A resposta é clara: “Nós serviremos ao Senhor, porque Ele é nosso Deus”. Deus já fizera tantas maravilhas em sua história. Assim se renova a aliança. Os discípulos foram colocados diante de uma decisão: “Não quereis ir embora?”. Em cada momento da vida somos colocados diante de opções por Cristo e contra Cristo. Não há meio termo. É aqui que atolamos em nossa vida cristã. Queremos meios compromissos, decisões oportunas: “Quero até certo ponto”. “Aceito Deus, mas não aceito a religião, quer dizer, seu evangelho”. “Pratico a verdade que me interessa.” Assim somos réus do Corpo e Sangue de Cristo. O Evangelho nos aperta também. A quem iremos? “Tu tens palavras de Vida Eterna”.
Este mistério é grande!
            O texto de Paulo sobre o relacionamento marido e mulher não está ligado ao texto de João, mas podemos fazer uma reflexão. Paulo trabalha a questão da submissão da mulher ao marido e do amor do marido à esposa. Por um lado o contexto é cultural; por outro lado Paulo dá a solução cristã: ser como Cristo e a Igreja: Cristo se doa e associa a si a Igreja, como o marido à mulher, e esta acolhe o marido como a Igreja acolhe a Cristo. Eu interpretaria que o matrimônio é uma Eucaristia continuada, na qual, tendo se unido a Cristo comendo o pão da Vida, realiza-se a comunhão total de duas pessoas, dando uma à outra não só um corpo, mas uma vida que é também espiritual. No matrimonio se proclama que Cristo tem Palavras de vida eterna. Dando-se amor, dão-se Deus, pois Deus é amor.
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