O casamento é um tesouro do qual
tiramos coisas antigas e novas, como diz Jesus. Há muita beleza tanto nas riquezas
dos tempos antigos, como dos tempos novos. O sacramento do matrimônio se serviu
das culturas para estruturar a celebração. Mas o ensinamento de Jesus é a base
do sacramento. Todo o evangelho é um tesouro inesgotável para o sacramento ser
vivido a dois. O amor vivido e ensinado por Cristo é o fundamento e o caminho
para o casal. O amor é para todos, mas, sobretudo, para o casal. A missão do
casal é descobrir esse amor e desenvolver as inúmeras maneiras de vivê-lo.
Podemos afirmar que o amor matrimonial é remédio para todos os males que ocorrem
no casamento. Esse amor é dado em germe e deverá ser conhecido, querido e
desenvolvido. Recebemos o dom de Deus para ser trabalhado. O amor matrimonial
vai além de um sentimento. É, em primeiro lugar, uma participação na divindade.
A missão do casal é acolher esse amor e, através do amor humano, transformá-lo
em caminho de santidade. O amor divino alimentará o amor humano e o amor humano
dará espaço para o desenvolvimento do amor espiritual. O desconhecimento da
riqueza do amor divino prejudica o matrimônio. Essa riqueza é dom, mas também um
compromisso para a vida.
296.
Amor que serve
Em toda a vida cristã, o amor é o
modo normal de se viver o Evangelho de Jesus. Esse amor deve penetrar todas as
atividades como a razão de viver e o motor de tudo. Descoberto o amor que o
Espírito colocou em nós, nós o vivemos como Jesus viveu, na entrega do serviço
humilde e até silencioso. Esse serviço de entrega é vital, sobretudo para o
matrimônio. O que pode prejudicar o amor do casal é querer ser amado antes de
amar e se entregar. Por mais que se diga que a finalidade primeira do casamento
seja a geração dos filhos, o amor precede essa finalidade e a acompanha e
sustenta. Esse modo de amar é servir como Jesus. Ele nos serviu com a vida,
morte e ressurreição e se fez eucaristia para que fizéssemos o mesmo. Na ceia, Jesus
lava os pés dos discípulos ensinando como se deve amar. Desse modo o casal se
une totalmente a Cristo no seu mistério de passagem para o Pai. Esse amor dá
sentido ao matrimônio no aspecto espiritual, afetivo e sexual. Mais que geração
de vida, é fonte de vida.
297.
Amor que perde
Quem quiser ganhar sua vida vai
perdê-la e quem perder sua vida vai ganhá-la. É o modo de Deus pensar. Parece
ser contramão. Nossa mão, isso sim, é que não é certa. O matrimônio é uma
contínua perda para ser um grande ganho. Saber perder-se para que o parceiro(a)
viva mais, será a finalidade do matrimônio e a realização total de sua dimensão
humana e espiritual. Assim a pessoa e o casal se colocam em total consonância
com Jesus, que se entregou a nós na morte para nos dar a vida. A vitória total sobre
a morte é a ressurreição, sua Páscoa. O sacramento é encontro com Cristo no seu
mistério pascal. Matrimônio é Páscoa. A entrega ao outro acontece o dom no qual
um santifica o outro. Nessa entrega sexual se redime a sexualidade humana,
transformando-a em uma fonte de santidade – passagem para Deus – como uma só
carne e um só coração. É o sexo-pascal. Pena que deixamos de lado a doação. Por
isso nos tornamos mais pobres e o casamento se perde. A espiritualidade
matrimonial deverá partir dessa entrega completa de vida para se tornar um
testemunho do amor de Deus.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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