sexta-feira, 29 de maio de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Tu és o Messias”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
E vós quem dizeis que eu sou?
            Os evangelhos narram os ensinamentos de Jesus, mas também nos fazem conhecer o que se passava com Ele. O texto de Marcos 8,27-35 relata um momento difícil para Jesus que veio ao mundo para anunciar a chegada do Reino. Tem consciência de sua missão. A pergunta que fez aos discípulos demonstra como vê sua missão. Humanamente falando está falido. Após ter ensinado tanto e comprovado com Seus milagres, o povo ainda pensa que Ele é ou um profeta ou Elias ou Jeremias. Voltando-se para seus discípulos pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Que fé possuem Seus discípulos? Pedro responde: “Tu és o Cristo (o mesmo que Messias)!” Pedro está manifestando a fé dos discípulos. É o Messias, pois todos os dons estão presentes nEle. Jesus precisava ouvir essas palavras. Está em uma fase difícil de seu ministério. Assim encontra em seus discípulos o apoio a sua missão e não está só. Contudo rejeita toda interpretação política e social que destoe de sua missão. Jesus dá então os ensinamentos fundamentais da missão com a qual os discípulos se comprometem professando sua fé: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia” (Mc 8,31). Pedro não entendendo a lição, chama Jesus à parte e faz-lhe uma repreensão. A resposta não se faz esperar: “Vai para longe, Satanás, tu não pensas como Deus e sim como homem” (32-33). Satanás é o Inimigo, aquele mesmo que estivera com Ele na tentação do deserto. Quantos de nós temos uma fé que não corresponde ao Reino, mas aos homens. Assim somos inimigos de Jesus.
Com a cruz às costas
            Jesus, tendo superado a tentação que lhe sugere Pedro, de abandonar Seu objetivo de ir a Jerusalém e ali sofrer, chama os discípulos e mostra-lhes como seguí-lo nesse caminho nada glorioso que assume. Em Jesus há uma decisão de cumprir a vontade do Pai até o extremo da obediência, pois tem a certeza de que o Pai lhe dá garantia. Chama, então, os discípulos e ensina-lhes como pensa Deus, pois Pedro pensa como os homens. Eles, que professaram sua fé, aprendem que “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar sua vida, vai perdê-la; mas quem perder sua vida por causa de mim e do Evangelho vai salvá-la” (Mc 8,34-35). Jesus propõe-se a perder a vida para retomá-la na Ressurreição. Esse é o caminho do discípulo que O confessa como o Messias, Cristo, vindo de Deus.
Crer com as mãos e os pés
            Tiago é muito prático, ensina-nos o que significa crer. Crer em Jesus é tomar sua cruz. O caminho do Calvário se faz pelo amor aos irmãos. A fé é verdadeira quando se transforma em amor, em atos aos irmãos. Fé sem obras é morta, confirma o apóstolo. Vemos em contraposição uma frase de Paulo que escreve: “Concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei” (Rm 3,28). As obras de que diz Paulo são a obediência à letra da lei. Mas também afirma que “em Cristo nada vale ... a não ser a fé que é operosa através da caridade” (Gl 5,6). Crer é mais que simplesmente ter fé: é caminhar seguindo Jesus no amor; é agir com as mãos, isto é, concretamente. Caminhar é ir atrás dos meios de realizar a caridade. Do contrário, nossa fé será morta e teremos o pensamento dos homens e não de Deus. Quando passamos por momentos difíceis na vida, temos que ver se não são conseqüências de nossa fé que é união com Jesus que sofre por ser fiel ao Pai.

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