Contemplando
Jesus, notamos sua atenção para com os sofredores e o povo excluído. Como hoje
há muitos que estranham o assunto sobre os pobres, já naquele tempo, os
fariseus acusavam Jesus de ser amigo de publicamos e de pecadores, de
prostitutas e do povo ignorante. O doente, o pobre, os trabalhadores humildes
não participavam da sociedade e da vida religiosa. Eram excluídos. Diziam os
fariseus: “Essa gente que não conhece a lei ... são uns malditos!” (Jo 7,49).
Deus não os quer. O milagre de Jesus mostra essa situação. O homem era um surdo
que falava com dificuldades. Era uma exclusão, pois não podia comunicar-se.
Jesus faz um milagre que é um ensinamento. O milagre é um gesto de grande
amplidão: Toca as orelhas, põe a própria saliva na língua, olha para ao céu e
pronuncia em aramaico “Effatha – Abre-te!” A saliva é um símbolo forte na
cultura oriental. Ela vem ligada com a palavra, e a palavra vem da pessoa com
grande identidade. Atribuía-se à saliva um poder curativo. O surdo mudo começa
a ouvir e a falar. É reintegrado no Reino de Deus. O profeta afirmava uma nova
criação profetizando a ação redentora de Jesus que reabilita as pessoas para
ouvir a Palavra e tornarem-se, como Ele, um anunciador. Assim acontece conosco
no Batismo. O amor de Jesus aos necessitados não é para excluir os outros, mas
para a reintegração de todos. No Batismo fazemos o gesto de tocar os ouvidos e
a boca da criança. É a nova criação que se instaura no meio de seu povo. A
escolha que Deus faz dos pobres é um gesto de bondade. Ele mesmo cuida de reintegrá-los
em nosso meio, nós que pertencemos ao Reino.
Caminhos de evangelização
Jesus
realiza a cura do surdo, que falava com dificuldade, fora do território dos
judeus, nas regiões de Tiro e Sidônea. Indica claramente que a abertura do
Reino de Deus é para todos os povos. Todos podem entrar na comunicação entre o
Pai, o Filho e o Espírito. O milagre de Jesus é uma parábola dessa comunicação
na qual todos podem ser introduzidos. O Reino de Deus é para todos. Não só para
o povo escolhido. Jesus pedia ao miraculado e os assistentes que não
divulgassem o milagre; mas quanto mais Ele insistia, mais iele divulgavam. Comentavam:
“Ele tem feito bem todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar” (Mc
7,36-37). Não só o doente é curado. Todos ali passam a narrar as maravilhas de
Deus. Pedro proclama na casa de Cornélio, pagão: “Ele que passou entre nós
fazendo o bem” (At 10,38). Os caminhos da evangelização se destinam à abertura
dos ouvidos para entrar em comunicação com Deus e à liberdade da língua para
anunciar Cristo Ressuscitado que abre a todos, sem exclusão, as portas do Reino
para um nova criação.
Imitadores de Deus
Tiago
é forte no combate à discriminação afirmando que Deus não faz distinção de
pessoas de pessoas. É nisso que devemos imitá-lo. E dá um exemplo claro do
acolhimento de todos na assembléia, sem discriminar os pobres: se entra um
pobre, vocês mandam sentar-se no chão, só porque está mal vestido. E ao rico: “senta-te
aqui à vontade”. Por que discriminar se Deus escolheu os pobres deste mundo
para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam?” (Tg
2,1-5). Vemos quanto isso acontece em nossas comunidades. Para imitar a Deus
precisamos abrir a comunicação a todos, sobretudo no acolhimento dentro da
comunidade.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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