A espiritualidade matrimonial está
unida ao coração de Cristo que ama sua Igreja e por ela reza ao Pai. Em sua
missão de profeta a instrui, como pastor a conduz e como sacerdote une-a a
Deus, o Pai. Cristo leva ao Pai o louvor de todo o povo, e dEle, nos traz a
santificação. Santificação é a presença de Deus em nós. A liturgia é o
primeiro lugar no qual se realiza o diálogo com Deus Pai. Cristo continua sua oração
na oração de seus irmãos. Essa oração se estende às orações pessoais no segredo
do coração. O casal, de modo todo especial, continua a oração de Cristo Esposo.
Os cônjuges realizam de modo excelente a palavra de Jesus: “Onde dois ou três
estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles” (Mt 18,20). O
matrimônio os faz unidos em Cristo, pois isso é oração. A primeira oração do
casal é estarem unidos em Cristo pelo amor um ao outro. O amor se faz oração. Nesse
amor surge o diálogo com Deus. Dialogar é conversar com Deus a respeito do
cônjuge. A oração que nasce do amor, continua a doação de vida pelo outro, na
súplica ou no agradecimento pelo cônjuge. O interesse pelo outro diante de Deus
vai sustentar sua vida matrimonial. “Entre ele e ela o elo é Ele”. Essa oração
feita juntos será forte elo de união e santificação. Rezar pelo outro é de
grande responsabilidade e de grande caridade. É amar o outro em Deus. Assim faz Cristo
por sua Igreja. Jesus reza: “Que eles sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim,
e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me
enviaste” (Jo 17,21). Essa oração os faz um espiritualmente para que sejam um
só coração, uma só carne e um só amor.
305.
Diálogo
Do diálogo com Deus, pode-se passar
ao diálogo entre si. Creio que jamais haverá um diálogo bom entre os dois, se
não tiverem dialogado com Deus. Depois desse dialogo, seguramente poderão
superar as dificuldades de um diálogo sobre a vida, os problemas, o futuro, os
filhos, as dificuldades, os erros, as diferenças pessoais, os projetos, vida a
muitos, e tanta coisa mais, mesmo o pecado que se cometem um contra o outro. É
o momento de cada um não procurar a si, a suas razões, mas de procurarem juntos
a direção. Na conversa (discussão) cada um procura defender a própria opinião
buscando sobretudo acusar ou escusar-se. No diálogo divino e humano, a
principal busca é entender e acolher para juntos se entenderem. O casal precisa
conversar muito. Quando eram namorados passavam tanto tempo conversando. Depois
que se casam acaba o namoro e a conversa, e às vezes o casamento. Uma de minhas
sobrinhas, dormindo uma noite no quarto de seus tios disse-lhes depois: “Acho
bonito vocês ficarem conversando durante a noite”. Esse diálogo é também fundamental
na velhice. É o momento da memória agradecida, lembrando um ao outro as belezas
da vida que viveram juntos. A velhice solitária deve ser muito dura. E há!
306.
Gostar da diferença
O casamento é construído sobre a
diferença de sexo, de tradição, formação, educação e tanta coisa mais. O
diálogo é o aventureiro que procura ir conhecendo as preciosidades de cada um.
É uma mútua educação que leva a construir a unidade e até serem como que
iguais. Cada um é um mistério a ser descoberto, uma terra a ser conquistada. Quem
não aceita a diferença, não pode se casar. Que maravilha é a diversidade. Os
filhos são como os dedos das mãos: cada um de um jeito. São uma riqueza. Gostar
da diferença é já sair de si, de seu egoísmo e individualismo. Colocar a
própria diferença no modo de ser e viver enriquece e gera felicidade.
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