PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
301.Rosário
de cruzes
Na celebração litúrgica do
matrimônio os noivos dizem um ao outro: “Eu te prometo ser fiel, na alegria e
na tristeza, na saúde e na doença, amando-te e respeitando-te todos os dias de
minha vida”. Pela própria fórmula já há um reconhecimento das cruzes que surgirão
no dia-a-dia. As dificuldades e as cruzes do casamento não significam em
primeiro lugar os males da vida. O primeiro desafio é sair de si para ir ao
encontro do outro e criar a unidade de dois que passam a ser um só corpo e um
só coração. Para isso é necessária a decisão de romper com o individualismo. É
um momento exigente que vai mexer com a vida, os hábitos, família, projetos,
opiniões etc... Toda vida matrimonial vai ser um contínuo buscar a pessoa do
outro. Não é uma anulação da individualidade, mas a promoção da individualidade
a serviço da construção da unidade. A cruz não está na dor que isso possa
causar, mas na atitude de entrega incondicional. Essa atitude de mútua busca
identifica o casal com o modo como Jesus tomou a cruz da entrega e caminhou
para o Calvário. A cruz não está na dor mas no amor, motivo pelo qual se passa
pelo sofrimento. Pelas marcas do pecado que permanecem em nós, a dor pode se
manifestar mais forte. Quando o amor está ferido, só o amor pode curar. Quando
aparece a dor, normalmente o que primeiro que se esquece é o amor. Na crise em
que se encontra a família, não será o momento de acreditarmos que tudo isso é
fruto da falta de amor?
302.Ajuda
na fragilidade
O matrimônio é fundado na força do
amor de Deus e na fragilidade de cada um dos cônjuges. A fragilidade e a
fraqueza das pessoas, não são um mal, são um bom princípio para o crescimento.
Ser pequeno é ser aberto ao desenvolvimento. A grande ajuda que pode haver é o
amor de Deus plantado em seus corações e a aliança estabelecida entre os dois e
Deus. O matrimônio é uma estrutura social, mas vai além. É um dom divino para o
encontro com Deus, fundado no matrimônio de Cristo com a Igreja, o povo de
Deus. A fragilidade de Cristo na sua caminhada para o Calvário, foi sustentada
por seu amor por nós, seu povo, a esposa que o Pai Lhe deu. O amor de aliança
de Cristo é o amor forte que ajuda na fragilidade de nosso amor. A aliança do
casal, firmada no sacramento, traz em si a força da aliança de amor e
fidelidade de Jesus. Não é com a justiça, nem com as razões humanas, ou mesmo a
força humana que vão se resolver as questões matrimoniais, mas o amor de Cristo
derramado em nossos corações. O amor é curativo.
303.Escola
do perdão
Fragilidade e perdão são caminhos
necessários. Perdão não significa concordar com os erros ou males da vida a
dois. Perdão é criar um ambiente de acolhimento e aceitação do outro que gere
uma atitude de superação dos erros antes que aconteçam. O clima de perdão
facilitará mesmo quando surgirem males e erros. Jesus realiza o caminho do
perdão acolhendo os discípulos e o povo em sua simplicidade e fragilidade,
mesmo corrigindo seus erros. Vendo Jesus, entenderam o sentido do “amai-vos uns
aos outros”, que é seu ensinamento fundamental. Paulo explica muito claramente:
“Carregai os fardos uns dos outros e cumprireis toda a lei” (Gl 6,2). A questão
da instabilidade do matrimônio, sobretudo as sempre mais freqüentes separações
provêm a meu ver do desconhecimento da fragilidade um do outro e da disposição
de, conhecendo a fraqueza, criar-se um modo de vida que leve a sua superação e à
conquista de equilíbrio matrimonial. Será fácil o perdão se os dois se conhecem
e se dispõem à permanente conversão. O amor sempre cura.
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