PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
274.
Quanto mais santo, mais pecador
Curiosamente, os santos são os
maiores pecadores. São eles que sentem o peso do pecado. Motivo: conhecem a
Deus. As pessoas santas têm consciência do pecado, por menor ele que seja. Eles
se confessam com freqüência porque sabem do valor que a confissão tem no
caminho da vida espiritual. Ela nos tira do pecado, e mais, dá-nos a graça de
aprofundar nossa vida em Deus e dá-nos os remédios para vencer os males. É um
verdadeiro check-up de nossa vida. Corremos perigo ao deixar de lado esse plano
de saúde espiritual que nos foi dado pelo Pai. Não tem carência e cobre todas as
nossas necessidades. Corremos o risco de cuidar de tantas coisas e deixar nossa
vida como pasto para tantos males. Alguns males se tornam crônicos, nós os
justificamos, eles criam raízes profundas. Se não cuidamos tornam-se males sem
cura. Jesus diz no evangelho palavras duras: “Se teu olho te leva a pecar,
arranca-o e lança-o para longe de ti, pois é preferível que se perca um de teus
membros antes que teu corpo seja lançado no inferno” (Mt 5,29). O Reino do Céu
exige que tenhamos coragem de lutar por ele, vencer os inimigos que temos. O médico
não é meu amigo se oculta doença que tenho. Assim a Igreja é inimiga do povo
quando não denuncia os caminhos do mal. Quanto mais crescermos no amor de Deus,
mais nos prevenimos desses males.
275.
Converter-se é velar sobre si
Confissão sem busca de conversão é
inócua. Para haver perdão temos necessidade de buscar um mínimo de conversão.
Deus perdoa sempre que vê um sinal de conversão. Deus, em sua bondade, dá sua
graça. Mas podemos barrar o crescimento espiritual se não buscarmos uma constante
conversão. A confissão não produzirá o efeito necessário. Sem desejo de
conversão arriscamos anular a confissão, mesmo passando pelo padre. Por isso é
necessário, tanto a quem confessa, como ao confessor ou pregador, ver o amor de
Deus. Só ele pode gerar em nós o processo de conversão. A vida espiritual não
se mede pelo acúmulo de bens espirituais, mas pela disposição que temos de
buscar a vida da graça e vencer esses males. O resultado virá necessariamente.
Quanto mais busco a Deus, tanto mais o encontro. A celebração do sacramento da
penitência, para que seja frutuosa para a vida espiritual, exige uma atenção
maior ao aspecto da conversão, além de passar pelo padre e declamar os pecados.
Sem ela, não adianta. É preciso converter-se ao confessar-se.
276.
O que é mal no pecado
Por que o pecado é tão perigoso
assim? Pela Sagrada Escritura conhecemos como a onda de pecados cresce sempre
mais. Falamos do pecado original, que é a raiz de todos os pecados. O Batismo
lava esse pecado original que foi a negação de Deus. O modo como isso aconteceu
nos vem narrado pela bela história do Paraíso. O que é importante a história,
mas o que vem embutido nela. O pecado destruiu nos primeiros pais e em cada
pessoa a capacidade de ser conduzido pela vida de Deus. Assim, temos as três
tentações básicas que são o apego aos bens materiais, ao orgulho e ao prazer.
Jesus, com a salvação que nos trouxe, abriu a possibilidade de vencer essas
tendências más e endereçá-las à vida de Deus em nós. O mal do pecado é
deixar que essa raiz daninha faça brotar em nós toda a rejeição a Deus. Vemos
que o mundo faz assim. Por isso vivemos tantos males. A confissão bem feita e
realizada na conversão elimina o mal pela raiz. Não justifiquemos o pecado. Não
ganhamos nada com isso. Perdemos a vida.
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