Evangelho segundo S. João 15,1-8.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Eu sou a verdadeira vide e meu Pai é o
agricultor. Ele corta todo o ramo que está em Mim e não dá fruto e limpa
todo aquele que dá fruto, para que dê ainda mais fruto. Vós já estais
limpos, por causa da palavra que vos anunciei. Permanecei em Mim e Eu
permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não
permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em Mim. Eu sou
a videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse dá
muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer. Se alguém não permanece em
Mim, será lançado fora, como o ramo, e secará. Esses ramos, apanham-nos,
lançam-nos ao fogo e eles ardem. Se permanecerdes em Mim e as minhas
palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes e ser-vos-á concedido. A glória de meu Pai é que deis muito fruto. Então vos tornareis meus
discípulos».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja
Sermão 58 sobre o Cântico dos Cânticos
Dar fruto em abundância
Tenho de advertir cada um de vós a respeito
da sua vinha; com efeito, quem de vós cortou já em si mesmo tudo o que é
supérfluo, a ponto de poder pensar que nada mais tem de cortar? Crede no que vos
digo: aquilo que é cortado renasce, os vícios combatidos regressam, e vemos
despertar as tendências adormecidas. Não basta, pois, aparar a vinha uma vez,
temos de voltar muitas vezes à mesma tarefa, se possível a toda a hora. Porque,
se formos sinceros, encontramos constantemente em nós coisas a cortar. […] A
virtude não consegue crescer entre os vícios; para que ela possa desenvolver-se,
temos de os impedir de aumentar. Suprimi, pois, o supérfluo, e o necessário
poderá então surgir.
Para nós, irmãos, continua a ser época de
cortar, uma época que se impõe em permanência. Com efeito, estou certo de que já
saímos do Inverno, desse temor sem amor que a todos nos introduz na sabedoria,
mas que a ninguém faz desabrochar na perfeição. Quando surge, o amor expulsa
esse temor como o Verão expulsa o Inverno. […] Cessem, pois, as chuvas do
Inverno, quer dizer, as lágrimas de angústia suscitadas pela recordação dos
vossos pecados e pelo temor do julgamento. […] Se «o Inverno passou», se «a
chuva cessou» (Ct 2, 11) […], a doçura primaveril da graça espiritual indica-nos
que chegou o momento de podarmos a nossa vinha. Que nos resta fazer, senão
empenharmo-nos por completo nessa tarefa?
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