quinta-feira, 14 de agosto de 2014

REFLETINDO A PALAVRA - “É bom estarmos aqui”!

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Da cruz à glória
          Domingo passado refletimos as tentações de Jesus. Hoje lemos, todos os anos, o evangelho da Transfiguração de Jesus. No monte, a que deram o nome de Tabor, Ele transfigurou-se diante dos três discípulos. Pensemos que os discípulos, diante do fato tão incompreensível do sofrimento e morte de Jesus, ficaram por entender que tipo de Messias é este que acaba no fracasso. O fato da transfiguração mostra o Cristo na sua luz divina, em sua humanidade mortal. As duas figuras centrais do Antigo Testamento, Moisés e Elias conversam com Ele. A lei e os profetas que o predisseram, reconhecem nEle o Messias Deus. Jesus está em consonância com a lei e os profetas, como dirão os apóstolos ao evangelizarem o povo. Assim o terror da cruz é solucionado com a glória da ressurreição. Deste modo, os discípulos podem continuar seu processo de aprendizado sobre a pessoa de Jesus compreendendo-o na sua dimensão de Luz incriada. Certamente vão compreender esta visão à luz da Ressurreição e do dom do Espírito. A centralidade de Cristo em nossa vida não é somente um aspecto devocional, mas sentido completo de nossa fé e vida cristã.
Ouvir o Filho Amado
          Ouvi dizer que a fé, no caso a religião cristã católica, é a religião do ouvido. Parece que somos calados demais nas celebrações. Mas é assim mesmo. “Eu quero ouvir o que o Senhor tem a dizer” (Sl 84,8). Vejamos a responsabilidade das comunidades em proporcionar uma boa audição e um silêncio conveniente para ouvir. É importante esforço e atenção para estar de ouvidos abertos a ‘toda a Palavra que vem da boca de Deus’, mesmo através dos fracos instrumentos. Os pregadores cuidem de uma melhor apresentação da Palavra. São três mediações onde ouvimos esta revelação: Na Palavra da Escritura, na Celebração e na Comunidade-Igreja que é mestra da Verdade. Ela guarda a Tradição e no-la transmite com fidelidade. Escutando e obedecendo seguimos o Senhor onde quer que Ele vá. No batismo recebemos o dom da obediência, isto é, estar ouvindo e, pelo Espírito, absorvendo estas Palavras de Vida. Estando atentos, poderemos sempre ouvir Sua voz. Somos assim também filhos amados. Deste modo nossas palavras serão também palavras que conduzem à vida eterna. Acolhendo a verdade seremos seus anunciadores.
Nas pegadas de Jesus
            Pedro diante daquela cena maravilhosa diz: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias” (Mt 17,4). A vida cristã tem também o momento místico da presença de Cristo em seu esplendor de revelação do Pai. Não podemos ficar sempre nesta situação. Mas, uma vez que o conhecemos, podemos vivê-lo em qualquer circunstância, mesmo na dor e na secura da fé. Nós o faremos porque temos uma vocação santa a que fomos chamados, como nos diz Paulo (2 Tm 1,8-10). “Ele fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho”. Não perdemos a grandeza de sua presença. Estando ouvindo o Filho poderemos empreender um seguimento como o de Abraão: “Sai de tua terá e vai para a terra que te vou mostrar. Farei de ti um grande povo e te abençoarei... em ti serão abençoadas todas as famílias da terra” (Gn12,1-4). Ouvindo o Filho, caminhamos para um mundo melhor e mais luminoso.

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