PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Um
ministério a partilhar
Celebramos
recentemente a festa de S. Pedro. Na liturgia de hoje temos novamente a
temática da missão de Pedro na Igreja. Para a compreensão do evangelho lemos o
oráculo de Isaias contra Sobna, um administrador aproveitador, e o elogio de Eliacim,
homem honesto e capaz. O profeta diz que este será como uma estaca fincada em
um lugar firme. É o mesmo sentido da rocha sobre a qual se constrói a Igreja. O
texto de Mateus sobre a profissão de fé de Pedro nos coloca diante do humano e
do divino. O centro é sempre Jesus, Filho de Deus. A profissão de fé tem um
aspecto humano, isto é, feita por Pedro e também um aspecto Divino, pois só
acontece por revelação do Pai. Por isso, nem a força do mal poderá destruir a
Igreja que se edifica sobre a profissão de fé. Como na Encarnação, Deus não
dispensa o lado humano da vida cristã, mesmo marcado pela fragilidade. Pedro,
após a Ascensão de Jesus ao Céu recebeu uma função de estar no lugar de Jesus
para a visibilidade do poder de servir à salvação. Jesus tem as chaves, isto é,
o poder. Ele o delega ao discípulo. Ligar e desligar indica o poder. Deus quer
contar conosco. Este ministério supõe também o dom do Espírito para o exercício
em dependência de Jesus. O Senhor mudara o nome de Simão para Pedro, para
indicar propriedade como se fazia a um escravo: “Tu és Simão, Filho de João;
chamar-te-ás Pedro, que quer dizer pedra”(Jo 1,42). O poder de
proclamar a fé e abrir os tesouros de Deus compete a todo o povo de Deus que
participa da construção: “Como pedras vivas, constituí-vos em um edifício
espiritual” (1Pd 2,5). Há, desde modo união entre
Pedro e o povo de Deus.
Pedra
de alicerce
Como Pedro é
declarado pedra sobre a qual vai se edificar a Igreja. A pedra é a profissão de
fé, feita concretamente por uma pessoa a quem é confiado um ministério: “Tu és
Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja e o poder do inferno nunca
poderá vencê-la” (Mt 16,18). Do mesmo modo, uma pessoa de fé
inabalável, dentro dos limites humanos, constitui um alicerce, que sustenta a
casa de Deus, a Igreja viva. Onde a fé é debilitada pela falta de uma
verdadeira conversão, a comunidade não se estabelece nem se torna uma
realização da Igreja de Deus. Podemos suspirar por homens e mulheres que sejam
alicerce seguro e estacas firmes na Igreja e na sociedade. A carência de homens e mulheres honestos e de
consistência é um mal que muito prejudica. As pessoas são grandes porque se
põem a serviço. A beleza do serviço de Pedro na continuação da história não está
no poder que adquiriram, e sim na diversidade das pessoas. Quando se diz que é
o Espírito que escolhe o Papa, temos que lidar com a diferença, querida pelo
Espírito. O Papa não é bom só porque não concorda conosco. A nós compete ouvir
o Espírito.
Conhecendo
Deus.
Paulo nos mostra
sua fé na Trindade: “Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e da ciência de
Deus! Como são inescrutáveis os seus juízos e impenetráveis os seus caminhos!” (Rm
11,33).
Em nossa fragilidade lidamos com os mistérios de Deus. É difícil compreender
nossa ligação com Deus. Se nos satisfizermos com algumas devoções, ficaremos
empobrecidos. Se quisermos um diálogo mais profundo com Deus, somos frágeis e sentimos dificuldades. Deus quer
estar em comunhão conosco. E o faz com intensidade. A nós cabe acolher essa
bondade que nos impulsiona a querer mais. É como quando mergulhamos. Só temos
água e não vemos as beiradas. Somos envolvidos.
Leituras: Isaias 22,19-23; Salmo 137;Romanos
11,33-36; Mateus 16,13-20
1.A liturgia
coloca-nos diante da profissão de fé de Pedro, que é, por ela, pedra de
alicerce da Igreja, com Jesus pedra angular. Ele é como uma estaca firme. A
profissão de fé tem um aspecto humano, feita por um homem, e Divino, inspirada
por Deus. Pedro participa do ministério de Jesus e é compartilhado pelo povo de
Deus. Pedro é servidor.
2.A profissão de
fé de Pedro é a pedra sobre a qual é construída a Igreja. O mal não tem poder
sobre ela. Assim na comunidade, as pessoas de fé, sustentam a Igreja, pois
unidas a Jesus. Os Papas continuam essa missão, na diferença que o Espirito
acolhe.
3.A profundidade
do mistério de Deus é um permanente convite à comunhão. Temos que superar o
vazio de nossa vida espiritual para o diálogo mais profundo com Deus que quer
comunhão conosco. Estamos mergulhados Nele.
Chave do cofre
Sempre vemos a
imagem de S. Pedro com chaves na mão. Jesus lhe prometeu dar as chaves do Reino
dos Céus. Tem a função de ligar e desligar, quer dizer mostrar o caminho da
verdade. Como aquele que se põe em total serviço de Jesus. Jesus mostra esse
relacionamento quando lhe dá um nome. Seu nome é Simão e o chama de Pedro,
pedra, fundamento. É continuação de Jesus em seu mistério de conduzir a Deus a
condição humana.
Quando diz que sua profissão de fé
foi revelada pelo Pai, dá-lhe a condição de união e continuação da missão de
Jesus que nos foi revelado pelo Pai.
O poder das chaves é o poder de
servir a Deus e aos filhos de Deus. Não podemos confundir poder com dominação
ou atitudes de humilhação das pessoas como dependentes. O cofre são os tesouros
do Céu.
Pedimos a Deus,
como rezamos no salmo: “Completei em mim a obra que iniciastes”.
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