quarta-feira, 27 de agosto de 2014

REFLETINDO A PALAVRA - “A espiritualidade e as flores”.

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
29. Um mundo amado por Deus.
            A palavra mundo tomou uma conotação negativa como oposto a Deus. O mundo inimigo de Deus é composto por aqueles que recusam reconhecê-lo e amá-lo. O mundo de que falamos aqui é o criado por Deus. Quando vejo as belezas da natureza, a perfeição dos seres animais, vegetais, minerais e tantos outros, fico pensando na imensidão de detalhes perfeitos para um pequeno inseto que vai durar poucos dias. Impossível não acreditar em Deus. Mais ainda quando contemplamos a pessoa humana, vemos a grandeza de seu Criador. Impossível não adorar a Deus diante de sua obra maravilhosa que é uma pessoa. O próprio Deus, quando terminou a criação, viu que tudo era muito bom. Não só bom, mas muito, diz a Escritura (Gn 1,31). Deus não só gostou do que fizera, mas achou bonito demais da conta. Foi neste mundo que Deus colocou o homem e a mulher com a missão de continuar fazendo-o sempre muito bom e acolhendo esta bondade como fonte de vida e caminho de espiritualidade. Neste paraíso o homem encontrava Deus. Ali ele conversava com Deus na brisa da tarde, como um amigo conversa com seu amigo. Dizer que o mundo é caminho de espiritualidade é reconhecer que, cuidado desta casa paterna, está se encontrando com Deus. A integração da espiritualidade com o mundo é santificação. Esta natureza foi ofendida pelo pecado e sofre esperando a libertação (Rm 8,20-22). A libertação da natureza está associada à fraternidade. Por isso Francisco de Assis canta: irmão sol, irmã lua, irmão lobo, irmão fogo.
30. Mundo como caminho de espiritualidade.
            Ao trabalhar nossa espiritualidade, temos que ter o mundo como elemento que contribui na ampliação de nossa ressonância espiritual, pois vivemos no mundo material com todas suas energias e elementos. Santo Afonso canta: “Felizes vós, flores, que dia e noite estais, diante de meu Senhor”. A liturgia acompanha o ritmo das horas, dos tempos e das estações. Da contemplação da natureza podemos chegar a Deus. Por isso, temos que ter um contato espiritual com a natureza. O cuidado com a natureza reflete esta necessidade. Pe Bernardo Häring, grande teólogo redentorista, disse-me uma vez que ‘quem não gosta de música e de flores jamais compreenderá o coração humano’. E acrescentaria que terá muita dificuldade e conhecer o verdadeiro Deus. Jesus, integrado com a natureza, faz suas parábolas a partir da natureza. Um dos meios de rezar é partir da natureza. A obras da criação são centelhas de Deus, escreve-nos Maria Celeste Crostarosa, redentorista.
31. Celebrar com a natureza.
          Como que chegando ao ápice da união da natureza e da espiritualidade, encontramos os elementos da natureza usados nas celebrações da Igreja. Nos sacramentos usamos os frutos da natureza transformados para o uso das pessoas e tomados para significar a graça do sacramento. Vemos por exemplo a água no batismo, o óleo nas unções sacramentais, o pão e o vinho, frutos da terra e do trabalho do homem e da mulher. A natureza em si entra na composição de um sacramento que é o encontro salvador de Jesus Cristo com seu povo. Não só lembra, como realiza a salvação.

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