Evangelho segundo S. Mateus 22,1-14.
Naquele
tempo, Jesus dirigiu-Se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do
povo e, falando em parábolas, disse-lhes: «O Reino do Céu é comparável a um
rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho.Mandou os servos
chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram comparecer. De
novo mandou outros servos, ordenando-lhes: 'Dizei aos convidados: O meu banquete
está pronto; abateram-se os meus bois e as minhas reses gordas; tudo está
preparado. Vinde às bodas.’Mas eles, sem se importarem, foram um para o seu
campo, outro para o seu negócio. Os restantes, apoderando-se dos servos,
maltrataram-nos e mataram-nos. O rei ficou irado e enviou as suas tropas,
que exterminaram aqueles assassinos e incendiaram a sua cidade. Disse,
depois, aos servos: 'O banquete das núpcias está pronto, mas os convidados não
eram dignos.Ide, pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas
todos quantos encontrardes.’Os servos, saindo pelos caminhos, reuniram
todos aqueles que encontraram, maus e bons, e a sala do banquete encheu-se de
convidados.
Quando o rei entrou para ver os convidados, viu um homem que não
trazia o traje nupcial. E disse-lhe: 'Amigo, como entraste aqui sem o traje
nupcial?’ Mas ele emudeceu.O rei disse, então, aos servos: 'Amarrai-lhe os
pés e as mãos e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de
dentes.’Porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.»
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Jean Tauler (c. 1300-1361),
dominicano de Estrasburgo
Sermão 74, em louvor de Santa Córdula
«Vinde às bodas»
«Dizei aos convidados: “O meu banquete está
pronto. […] Tudo está preparado. Vinde às bodas”». Mas os convidados
esquivaram-se: um foi «para o seu campo, outro para o seu negócio». […] Esta
incrível azáfama, esta agitação contínua, reviram o mundo e são, infelizmente,
por demais evidentes em todo o lado. O que possuímos de vestuário, de comida, de
fazenda e de tantas outras coisas é de tal modo prodigioso, que a nossa cabeça
começa a andar à roda: metade disso seria mais que suficiente. Esta vida mais
não é do que uma passagem para a eternidade. […] Temos de resistir com todas as
forças a esta exuberância de movimentação e de variedade, a tudo aquilo que não
constitui uma necessidade absoluta, e recolhermo-nos dentro de nós, considerando
a nossa vocação e como e de que modo o Senhor nos chama, este à contemplação
íntima, aquele à vida activa, aqueloutro à paz interior no calmo silêncio da
penumbra divina e na unidade do espírito.
E mesmo a estes últimos,
Deus chama-os, a seu bel-prazer, umas vezes à acção exterior, outras à interior,
embora o homem raramente permaneça atento a esse chamamento. […] Também não está
certo que, quem é chamado interiormente ao nobre e calmo silêncio, queira por
isso mesmo abster-se de quaisquer obras de caridade. Hoje em dia são muito raras
as pessoas dispostas a fazer obras de caridade extraordinárias. […] O Evangelho
relata-nos que o Mestre descobriu um dos convivas sentado à mesa do festim sem o
traje de núpcias. […] O traje que lhe faltava era a caridade divina, pura e
verdadeira, essa intenção genuína de, ao procurar a Deus, excluir qualquer ponta
de amor-próprio e tudo o que Lhe seja alheio, e só a Ele querer. […] A esses,
que só a si próprios procuram, Nosso Senhor diz: «Amigo, como entraste aqui sem
o traje da verdadeira caridade?», uma vez que procuraram antes as criaturas de
Deus do que o próprio Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário