PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Águas mais profundas.
Falar de Jesus Cristo é sempre um prazer e um desafio.
Prazer, porque enche nossos corações de alegria. É um desafio, pois, por mais
que se fale, sempre estamos no começo. Ele é fonte, não é reservatório. De seu
tesouro tiramos sempre coisas velhas e novas (Mt 13,52). Diante de um mês
vocacional que se aproxima, começamos a nos preocupar com as vocações. A
palavra de ordem deste ano vocacional são as palavras de Jesus: “duc in altum”
– vamos para águas mais profundas. Ir às águas mais profundas tem muitos
sentidos neste ano: É preciso ter mais coragem, empenho na vida cristã e
ousadia. É preciso, sobretudo, ir mais longe no conhecimento de Cristo, pois
assim podemos ter condições de saber onde lançar as redes. É preciso conhecê-lo
mais para saber onde Ele quer que estejamos, pois onde eu estiver aí estará
também o meu servo (Jo 12,26). É lá onde Ele está que é o lugar de lançar
as redes.
Vocação de conhecer Jesus.
A primeira vocação, aquela que fundamenta todas as
outras, é o conhecimento de Jesus. Ele nos chama a estar com Ele, para adquirir
sua ciência. Esta ciência divina é conhecê-lo e perceber a força de seu amor em
nós: “Que Cristo habite pela fé nos vossos corações, a fim de que, arraigados e
fundados no amor, possais compreender, com todos os santos, qual seja a
largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de
Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios da plenitude de
Deus” (Ef 3,17-19). Sem esta vocação primeira, as outras já chegam mancando.
Por isso somos convocados e entrar em profundidade na ciência do Redentor.
Somente depois de ter experimentado quão suave é o Senhor é que podemos dar passos
seguros. Esta experiência, nós a fazemos de tantos modos, mas é preciso criar
em si um caminho sério e constante de busca que não se localiza nas
sensibilidades dos bons momentos, mas num encontro profundo e bonito de nossa
realidade com a dEle. Ter a ciência do Redentor é a escola onde Ele é o Mestre.
A primeira aula é saber fazer o silêncio interior onde Ele pode entrar,
instruir-nos e falar ao coração (Os 2,14). Isso é bonito. Mesmo na confusão que
nos cerca, há sempre um lugar silencioso dentro de nós onde podemos estar com
Ele. Ali vamos formando nosso coração redentor para que seja igual ao dEle.
Mesmo nas dificuldades espirituais, continua lentamente a nos instruir. Quer
saber quando? Quando Ele passa a ser importante para você e você tem um fácil
contato com Ele. E preciso saber vê-lo em si mesmo e encontrá-lo. Na pesca
milagrosa, depois da Ressurreição, João identificou imediatamente: “É o Senhor”
(Jo 21,7).
Amor sem medidas
A partir deste momento, o resultado do conhecimento íntimo
de Cristo, e do trabalho lento que realiza em nós, é que você e Ele se
entenderão com muita facilidade. Tem segurança de seu amor e vê que a imagem
dEle vai se formando em você de tal modo que as pessoas o identificam na sua
pessoa. Sua capacidade de amar, torna-se a dEle. Amar sem medidas. Então você
lançará redes em mares profundos e se arriscará com Ele.
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