Evangelho segundo S. Marcos 3,22-30.
Naquele
tempo, os doutores da Lei, que tinham descido de Jerusalém, afirmavam: «Ele tem
Belzebu!» E ainda: «É pelo chefe dos demónios que expulsa os demónios.» Então, Jesus chamou-os e disse-lhes em parábolas: «Como pode Satanás
expulsar Satanás? Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode
perdurar; e se uma família se dividir contra si mesma, essa família não pode
subsistir. Se, portanto, Satanás se levanta contra si próprio, está dividido
e não poderá subsistir; é o seu fim. Ninguém consegue entrar em casa de um
homem forte e roubar-lhe os bens sem primeiro o amarrar; só depois poderá
saquear-lhe a casa. Em verdade vos digo: todos os pecados e todas as
blasfémias que proferirem os filhos dos homens, tudo lhes será perdoado; mas, quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão: é réu
de pecado eterno.» Disse-lhes isto porque eles afirmavam: «Tem um espírito
maligno.»
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de Lucas, 7, 91-92; SC 52
«Se um reino se dividir contra si mesmo, tal
reino não pode perdurar.» Uma vez que diziam que Ele expulsava os demónios por
Belzebu, príncipe dos demónios, Jesus quis mostrar, com esta palavra, que o seu
reino é indivisível e eterno. Com razão respondeu a Pilatos: «O meu reino não é
deste mundo» (Jo 18,36). Portanto, os que não põem a sua esperança em Cristo,
mas pensam que os demónios são expulsos pelo príncipe dos demónios, esses, diz
Jesus, não pertencem a um reino eterno. […] Quando a fé se rasga, o reino
dividido não pode manter-se. [...] Se o reino da Igreja vai durar eternamente é
porque a sua fé não está dividida e o seu corpo é um só: «há um só Senhor, uma
só fé, um só baptismo; um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por
todos e permanece em todos» (Ef 4,5-6).
Que loucura sacrílega! O
Filho de Deus encarnou para esmagar os espíritos impuros, arrancar o espólio ao
príncipe do mundo e dar aos homens o poder de destruir o espírito do mal (cf Lc
10,19), […] e eis que alguns pedem auxílio ao poder do demónio. No entanto, como
diz Lucas, é pelo «dedo de Deus» (11,20) ou, como diz Mateus, pelo «Espírito de
Deus» (12,28) que Jesus expulsa os demónios. Por aí entendemos que o Reino de
Deus é indivisível, tal como um corpo é indivisível, uma vez que Cristo está à
direita de Deus e o Espírito parece ser comparável ao seu dedo. […] «Porque é
nele que habita realmente toda a plenitude da divindade» (Col 2,9).
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