quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

MÃE, TOME CUIDADO!

PADRE CLÓVIS DEJESUS
BOVO CSsR
Frei Crispim era simples e bom. Nada e ninguém o alterava. Gostava de cuidar dos seus altares. Enfeitava-os com carinho, para o que cultivava um pequeno jardim no pátio do mosteiro. Um dia roubaram-lhe algumas flores que ganhara para adornar o altar de Nossa Senhora. Ficou amolado e triste, não tanto pelo valor das flores, mas porque interpretava esse roubo como uma ofensa à própria Mãe de Jesus. O caso passou. Mas aconteceu outro. Um confrade deu-lhe de presente dois belos castiçais e pediu-lhe que os inaugurasse já. Enquanto Frei Crispim saiu para buscar fogo, o confrade pegou rapidamente os castiçais e os escondeu. Escondeu-se ele também, e ficou aguardando a reação do bom Crispim. Quando o frade voltou com a mecha de fogo, o que fora feito dos castiçais? Pôs as mãos na cabeça, quase pondo fogo também nos cabelos, e desabafou-se com Nossa Senhora: 
- Como é possível isto, Madonna mia? Há poucos dias roubaram as flores. Hoje carregam as velas. A senhora é paciente demais. Qualquer dia vão roubar o Filho dos seus braços, e a senhora não vai dizer nada... 
O confrade voltou com os castiçais e as velas, sorrindo triunfante, como quem tivesse pego o ladrão: 
-Consegui recuperar tudo. A Madonna me ajudou. E sorria bonacheiramente, alegrando-se com a simplicidade de Crispim.
Frei Crispim (1668-1750) — Nasceu em Viterbo, na Itália. Discípulo de São Francisco. Cozinheiro do convento. Tido como santo pelo povo.


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