domingo, 15 de dezembro de 2024

Santa Cristina mártir cristã, séc. IV

Os registros gregos mostram como sua terra natal Tiro, na Fenícia, hoje conhecida como Líbano, enquanto os latinos citam Bolsena, na Toscana, Itália. Estes relatos do antigo povo cristão contam que o pai de Cristina, Urbano, era pagão e um oficial do Império Romano, que ao saber da conversão da filha, queria obrigá-la a renunciar ao Cristianismo. Por isso, decidiu trancar a filha numa torre em companhia de doze servas pagãs. Para mostrar que não abdicava da fé em Cristo, Cristina despedaçou as estátuas dos deuses pagãos existentes na torre e atirou pela janela abaixo as jóias que as adornavam, para que os pobres pudessem aproveitá-las. Quando tomou conhecimento do feito, Urbano mandou chicoteá-la e prendê-la num cárcere. Nem assim conseguiu a rendição da filha e, por isso, entregou-a aos juízes. Cristina foi torturada terrivelmente e depois lançada numa cela, onde três anjos celestes limparam e curaram as suas feridas. Como solução final, o governante pagão mandou que lhe amarrassem uma pedra ao pescoço e a deitassem a um lago. Novamente os anjos intervieram: sustentaram a pedra que ficou a boiar na superfície da água e levaram a jovem até à margem do lago. As torturas continuaram: Cristina foi novamente flagelada, depois amarrada a uma grade de ferro quente e colocada numa fornalha, foi mordida por cobras venenosas, e sofreu a amputação dos seios antes de finalmente ser morta com duas lanças transpassando o seu corpo. 
Do culto da jovem mártir Cristina, padroeira de Bolsena, são numerosos os testemunhos históricos. Pelas descobertas arqueológicas do século passado conclui-se que em Bolsena desde o século IV era venerada uma santa Cristina, e junto ao seu sepulcro surgiu um cemitério subterrâneo. Os testemunhos iconográficos são abundantes: a santa aparece entre as virgens mártires dos mosaicos da igreja de santo Apolinário de Ravena do século VI. De João Della Robbia a Lucas Signorelli, de Paulo Veronese a Lucas Cranach, são numerosos os artistas que se inspiraram em episódios narrados na sua Paixão, com riquezas de detalhes, que confirmam em grande parte as Atas dos mais célebres mártires. Desta Paixão existem redações em latim e em grego, que discordam quanto à cidade de proveniência da mártir. As redações gregas dizem ser Tiro da Fenícia e as latinas indicam Bolsena. O fabuloso conto da sua Paixão, que pela idade tardia (não anterior ao século IX), entra no número das lendas hagiográficas de pouco valor histórico, narra que uma jovem de onze anos, de nome Cristina, de extraordinária beleza foi segregada pelo pai, Urbano, oficial do imperador, numa torre, em companhia de doze servas. Com esta atitude o pai queria obrigar a filha, cristã, a abjurar a fé e subtraí-la às leis da perseguição. Mas a menina despedaçou as preciosas estatuetas dos deuses, que o pai pusera no seu quarto, e deu os metais aos pobres. O pai passou então da delicadeza às percussões: fê-la flagelar e fechá-la num cárcere. Como Cristina persistisse na sua profissão de fé, Urbano a entregou aos juízes que lhe infligiram vários e terríveis suplícios. No cárcere, onde foi jogada desmaiada e coberta de feridas, foi consolada e curada por três anjos. Como também este castigo falhasse, passou-se à solução final: amarraram-lhe uma pesada pedra ao pescoço, jogaram-na ao lago, mas a pedra, sustentada pelos anjos, ficou boiando e levou a menina à margem. O desnaturado pai foi punido por Deus com a morte; mas as torturas de Cristina não acabaram. Os juízes se enfureceram contra ela condenando-a, com bárbara perseverança, às mais terríveis e ineficazes torturas, como a grade de ferro quente, a fornalha superaquecida, a mordida de cobras venenosas, o corte dos seios, enfim não tendo mais o que inventar truncaram aquela jovem existência com duas lançadas, transplantando aquela flor incontaminada para os jardins do paraíso. 
Extraído do livro: 
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini. 

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