Na festa de Pentecostes a obra redentora de Jesus chega a seu momento máximo para nossa salvação. Na consumação dos tempos a redenção chegará a seu termo, quando o Cristo entregará o Reino a Deus, seu Pai (1Cor 15,24). Em Pentecostes completa-se a missão do Filho que disse: “Se eu não for, o Paráclito não virá” (Jo 16,7). Agora é o tempo do Espírito. Ele leva a redenção a seu efeito em nossos corações e nos ensina toda a verdade: “Quando vier o Espírito da Verdade, Ele vos conduzirá à verdade plena” (13). Em Pentecostes, sua missão, unida à Ressurreição do Senhor, destina-se a todos os povos. O Evangelho pode ser compreendido e amado por todos. Essa verdade está expressa nas pessoas de povos tão diferentes presentes ao acontecimento. Esses povos indicam todas as direções da terra. Não se pensa mais na exclusividade de um povo ou de um grupo religioso. A Igreja deve se cuidar mais para ver onde age o Espírito do que dar regras a sua ação. Não podemos enges-sar a ação do Espírito num movimento ou em uma teologia. Ela está aberta para que Ele nos manifeste toda a verdade, segundo a promessa de Jesus (Oração sobre as oferendas). Nas orações da liturgia do dia de Pentecostes reconhecemos esta verdade rezando ao Pai: “Ó Deus que, pelo mistério da festa de hoje, santificais vossa Igreja inteira em todos os povos e nações” (oração). A celebração é santificação da Igreja. Por isso, rezamos a Deus que derrame sobre o mundo os dons do Espírito e realize no coração dos fiéis as maravilhas operadas no início da pregação do Evangelho (oração). As maravilhas não se restringem ao fenômeno das línguas, mas ao anúncio do Evangelho a todos com igualdade como vemos na celebração dos santos mistérios nas línguas locais. Todos são convocados.
Dons do Espírito
O Espírito nos dá preciosos dons que devem ser desenvolvidos como um serviço a todo Corpo de Cristo, como nos relata a segunda leitura (1Cor 12,3b-712-13). Reconhecer a ação do Espírito e louvá-Lo é fazer frutificar os dons que nos deu. É um chamamento a abrir espaços ao crescimento e promoção dos dons de cada um. Nem todos têm os mesmos dons. Na verdade o dom é de todos, pois fazem parte do Corpo de Cristo. São um presente a todo Corpo, a Igreja. Há também a necessidade de conhecer os próprios dons e trabalhar com eles para o crescimento de todo o Corpo de Cristo. Estes dons se encontram também fora do corpo social da Igreja. Também eles devem ser discernidos e reconhecidos. Não podemos reprimir o fogo do Espírito nem usar de seu fogo para nosso egoísmo e orgulho. O Espírito age onde quer e como quer.
Vinde, Espírito Santo!
O Espírito Santo estava presente na vida de Jesus e O conduzia no cumprimento de sua missão (Mt 4,1). Agora conduz a Igreja no acolhimento e participação dessa missão. Por isso pedimos o Espírito: “Enviai, Senhor, o vosso Espírito, e renovareis a face da terra”. Cometemos um grande pecado contra o Espírito quando desconhecemos sua ação, como nos diz Jesus: “Se alguém disser uma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas se disser contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem nesse mundo, nem no vindouro” (Mt 12,32). Significa fechar-se ao Espírito Santo. Se nos fecharmos a Ele, não há possibilidade de acontecer sua ação. Na Eucaristia temos a invocação do Espírito Santo sobre o pão e o vinho e sobre os fiéis para que sejam Corpo de Cristo. Todos recebem o Espírito Santo. Esse é nosso Pentecostes de cada dia.
Leituras: Atos 2,1-11; Salmo 103;
(1Coríntios 12,3b-712-13);João20,19-23
1. A obra da redenção de Jesus culmina na Vinda do Espírito Santo. Agora é o tempo do Espírito. Ele leva a redenção a efeito nos corações e ensina toda a Verdade. O Espírito é destinado a todos os povos. A Igreja não pode bloquear a ação do Espíri-to. A celebração é a santificação de toda a Igreja. Renovar Pentecostes é ter novo ardor missionário.
2. O Espírito nos dá preciosos dons que devem ser desenvolvidos como um serviço a todo o Corpo de Cristo. Reconhecer a ação do Espírito é fazer frutificar os dons que nos deu. Todos têm dons. Compete a todos dar espaço para o crescimento. Os dons são para todo o Corpo de Cristo. Não podemos reprimir o Espírito que está em nós, mas discerni-Lo na caridade.
3. O Espírito estava presente na vida de Jesus e O conduzia no cumprimento de sua missão. Agora conduz a Igreja no acolhimento e participação dessa missão. Nós pedimos que o Espírito venha sempre sobre nós. Fechar-se à ação do Espírito é o pecado sem perdão. Em cada missa recebemos o Espírito Santo.
A língua do amor é comprida
A maravilha de Pentecostes não é acontecimento do passado, mas sua presença no meio de nós, pois pedimos na oração que “realize agora no coração dos fiéis as maravilhas operadas no início da pregação do Evangelho”. Não há diferença na ordem da graça no Pentecostes dos Apóstolos e o Pentecostes de hoje.
Pena que alguns só pensem na beleza da teofania, das línguas e dos milagres. A be-leza está na força do Evangelho que entra no mundo. As regiões, de onde provinham os peregrinos que acorreram no dia, representam geograficamente todas as direções do mundo.
A riqueza da graça - presente no mistério celebrado - é a presença de Jesus que dá o Espírito para a reconciliação. Esta foi a missão que deu aos apóstolos e continua dando a nós. O perdão dos pecados vai além do sacramento da penitência individual e atinge a to-dos. O Espírito Santo foi dado a todo o universo. Não é propriedade de ninguém e ninguém pode dominá-Lo.
Para viver intensamente a presença do Espírito, nós O recebemos como um Dom que distribui seus dons. A força do Espírito em nós se manifesta nos dons que colocamos a serviço de todos.
Homilia de Pentecostes (24.05.15)
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