Evangelho segundo São Mateus 2,13-18.
Depois de os Magos partirem, o Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: «Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e foge para o Egito e fica lá até que eu te diga, pois Herodes vai procurar o Menino para O matar».
José levantou-se de noite, tomou o Menino e sua Mãe e partiu para o Egito
e ficou lá até à morte de Herodes. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciara pelo Profeta: «Do Egito chamei o meu filho».
Quando Herodes percebeu que fora iludido pelos Magos, encheu-se de grande furor e mandou matar em Belém e no seu território todos os meninos de dois anos ou menos, conforme o tempo que os Magos lhe tinham indicado.
Cumpriu-se então o que o profeta Jeremias anunciara, ao dizer:
«Ouviu-se uma voz em Ramá, lamentos e gemidos sem fim: Raquel chora seus filhos e não quer ser consolada, porque eles já não existem».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1801-1890)
Teólogo, fundador do Oratório em Inglaterra
Sermão «The mind of little children»; PPS II, 6
«Mártires incapazes de confessar o nome do
teu Filho e todavia glorificados
pelo seu nascimento» (Postcommunio)
É de toda a justiça que celebremos a morte destes Santos Inocentes, porque ela é santa. Quando os acontecimentos nos aproximam de Cristo, quando sofremos por Cristo, esse é seguramente um privilégio imenso – qualquer que seja o sofrimento, mesmo que naquele momento não estejamos conscientes de estar sofrer por Ele. As crianças que Jesus tomou nos braços também não podiam compreender, nesse momento, de que condescendência admirável estavam a ser objeto; mas a bênção do Senhor era um privilégio real. Paralelamente, este massacre das crianças de Belém tem para elas lugar de sacramento: era a caução do amor do Filho de Deus para com aqueles que experimentaram esse sofrimento. Todos os que se aproximaram dele sofreram mais ou menos, pelo simples facto desse contacto, como se emanasse dele uma força secreta que purifica e santifica as almas através das penas deste mundo. Foi o caso dos Santos Inocentes.
Verdadeiramente, a própria presença de Jesus tem lugar de sacramento: todos os seus atos, todos os seus olhares, todas as suas palavras comunicam a graça aos que aceitam recebê-la – quanto mais aos que aceitam tornar-se seus discípulos. O martírio foi considerado, desde os inícios da Igreja, uma forma de batismo, um verdadeiro batismo de sangue, que tem a mesma eficácia sacramental que a água que regenera. Somos, pois, convidados a reconhecer estas crianças como mártires e a usufruir o testemunho da sua inocência.
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