domingo, 1 de dezembro de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Um jeito novo de agir”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Já deu certo
 
Vimos os desafios e as tentações por que passa quem quer anunciar a novidade a vida nova em meio às dificuldades do tempo atual. Até chegamos a dizer ou pensar que antigamente tudo era mais fácil. O livro do Eclesiastes orienta: “Não digas: Por que razão foram os dias passados melhores do que estes de agora? Esta pergunta não é motivada pela sabedoria” (Eclesiastes 7,10). Todos os tempos são bons dentro de suas possibilidades. Todos os tempos têm suas dificuldades. Os desafios são sempre grandes, como grandes são as possibilidades de solução. Há sempre grandes conquistas e sempre grandes derrotas. Papa Francisco, em sua orientação sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual – Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho), oferece caminhos para um novo modo de entrar em contato e anunciar. Coloca como tema: “Sim às novas relações geradas por Jesus Cristo”: Diante da riqueza da comunicação humana somos desafiados e descobrir e transmitir a ‘mística’ de viver juntos, misturar-nos, dar o abraço, participar para transformar essas vitórias da comunicação em fraternidade. “As maiores possibilidades de comunicação traduzir-se-ão em novas possibilidades de encontro e solidariedade entre nós... sair de si para se unir aos outros faz bem. A humanidade perderá com cada opção egoísta que fizermos” (EG 87). Sentimos no momento que a facilidade de comunicação está gerando isolamento e fechamento em si mesmos. A proposta é o estímulo de buscarmos, através da comunicação, sempre maior encontro. Sair de si é enriquecer-se e enriquecer os outros. Foi o processo adotado por Deus que saiu de Si e se encarnou. Jesus saiu de Si e abriu-Se reunindo discípulos. Deste modo pode transmitir e levar-nos à comunhão. Toda busca de um encontro já é doação da graça divina, presente em cada um. 
Abrir-se a todos 
Como estamos em contato com todo o mundo, podemos não crescer em comunhão, mas nos isolarmos como observadores do mundo que passa. Numa sociedade tão pluralista e diversificada corremos o risco do fechamento por desconfiança, medo, atitudes defensivas criando o mundinho fechado na sua privacidade. O medo do outro levantou os muros da casa, as grades etc... Às vezes necessário por segurança. Mas não diminuiu em nada a situação caótica de assaltos e violência. Inclusive criamos para nós mesmos uma espiritualidade individualista perdendo o sabor do Evangelho reduzindo Jesus a um Cristo puramente espiritual e desencarnado, feito à nossa imagem. A sabedoria do Evangelho nos convida a ir ao encontro. Papa Francisco supera qualquer proposta que tenhamos. Perguntaram por que tomara aquela atitude de ir ao encontro justo daquele tipo a quem se dirigiu. Disse: “Eu o sinto”. Nasce de seu ser espiritual. Ir ao encontro não é poesia ou teoria, é um abraço, é um sair do esquema. 
Deixar-se acolher 
Há uma busca de Deus presente no mundo. Buscam a Deus, mas não aquele que apresentamos. Pode ser que tenhamos mostrado um Deus à nossa imagem. Diz o Papa: “O desafio de hoje é responder adequadamente à sede de Deus para que não tenham que apagá-la com propostas alienantes ou com um Cristo sem carne e sem compromisso com o outro. Se não encontram na Igreja uma espiritualidade que os cure, liberte e dê paz, os chame à comunhão solidária e à fecundidade missionária, acabarão enganados por propostas que não humanizem nem dão glória a Deus” (89). Quando a Igreja não tomou essas atitudes ela perdeu sua credibilidade.
ARTIGO PUBLICADO EM MARÇO DE 2015

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