"A Parábola da vinha fala do profundo amor de Deus por seus filhos. A este amor soube responder generosamente Madre Maria Ana Mogas Fontcuberta e, assim, dar frutos abundantes. Ela, renunciando a uma posição social privilegiada, forjou junto ao Tabernáculo e a Cruz, sua espiritualidade inspirada no coração de Cristo e baseada na entrega a Deus e ao próximo com "amor e sacrifício."
Fiel ao ideal franciscano, mostrou sua preferência pelos pobres, na capacidade de perdoar e esquecer a ingratidão e insultos, e dedicação aos doentes e aos que sofrem de alguma deficiência. Assim respondeu ao chamado do Senhor para trabalhar na sua vinha, com um estilo muito autêntico, o que não impediu a sua santidade de maneira tão jovial”.
Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação –
06 de outubro de 1996
"Ame. Caridade, verdadeira caridade. Amor e sacrifício."
Filha de abastados proprietários de terras, Maria Ana Peregrina Mogas nasceu em Carró de Vall (Granollers, Barcelona, Espanha) no dia 13 de janeiro de 1827 e foi batizada no dia seguinte. Educada pela família numa vida cristã coerente, frequentou com proveito a escola elementar.
A serenidade da família foi abalada em 1834 com o falecimento do pai, seguida pela da mãe em 1840. Sua tia e madrinha, Maria Mogas, levou-a para Barcelona, onde continuou seus estudos.
Por volta de 1848, Maria Ana, que era orientada a uma vida piedosa e ao apostolado paroquial, se uniu a um grupo de noviças capuchinhas exclaustradas pela perseguição antirreligiosa daquele tempo, as quais tinham a intenção de constituir um centro para a educação da juventude.
Aconselhada e dirigida espiritualmente pelo Pe. José Tous, que também vivia fora do convento, as três amigas fundaram o Instituto das Terciárias Capuchinhas da Mãe do Divino Pastor em Ripoli (Gerona). A Casa de Ripoli foi aberta em 25 de maio de 1850 e no dia 13 de junho seguinte Maria Ana Mogas, com o consentimento do seu pároco e da tia, reuniu as companheiras tornando-se a primeira superiora, embora fosse ainda uma noviça.
As religiosas passaram a ser conhecidas na cidade como as “senhoras do ensino”. Em 25 de janeiro de 1851, Maria Ana fez a profissão e tornou-se efetivamente a Superiora; em março de 1853 conseguiu o diploma de professora que a habilitava a dirigir a escola.
Com a retirada de uma de suas companheiras, que preferiu entrar num convento de clausura, e com o Pe. José Tous, nomeado diretor geral, mas que residia em Barcelona, todos os trabalhos ficaram a cargo de Maria Ana, que com uma direção sábia alcançou um desenvolvimento extraordinário do Instituto. O número de religiosas aumentou nos primeiros anos e ela procurou aperfeiçoá-las na conduta, na observância e no método de ensino, em proveito das alunas.
Aproveitando-se dos sábios conselhos de Santo Antônio Maria Claret (1807-1870), não fundiu o seu Instituto com outras comunidades, e entre 1858 e 1862 abriu outras casas em San Quirico de Besora, Capellades e Barcelona.
Em 1865, a convite do bispo demissionário, D. Benito Serra, abriu e dirigiu, com três religiosas, em Castiglia a Ciempozuelos, um centro destinado a acolher e reeducar as jovens caídas na prostituição, mas este tipo de apostolado não coincidia com a missão para a qual as religiosas aderiram e estavam preparadas, e foram substituídas pelas Oblatas do Santíssimo Redentor.
Após nova decepção em Madri, Madre Maria Ana decidiu fundar um grupo por conta própria e não a serviço de outros. Pedindo conselho a Santo Antônio Claret, que a ajudou a encontrar uma casa e benfeitores, iniciou um trabalho de ensino nos quarteirões pobres de Madrid, e em 1868 abriu um colégio naquela cidade.
Em 1871, o Pe. José Tous faleceu repentinamente, quando se dedicava a obter a aprovação oficial da Congregação das Capuchinhas da Mãe do Divino Pastor.
Madre Maria Ana enfrentou mais uma dificuldade: a direção do Instituto ficava difícil devido à distância entre as comunidades de Barcelona e Madrid. Ela se dirigiu ao Cardeal Cirilo Alameda, primaz de Toledo, para lhe entregar a direção exercida pelo Pe. Tous, mas as Irmãs de Barcelona se opuseram e não a reconheceram mais como superiora.
Seguiu-se uma ruptura em duas comunidades: as Franciscanas Missionárias da Mãe do Divino Pastor, com as Irmãs que seguiram Madre Mogas; e as Capuchinhas da Mãe do Divino Pastor, com as religiosas de Barcelona. Os dois Institutos foram constituídos legalmente em 26 de novembro de 1872. As Constituições dos dois Institutos foram aprovadas naquele dia pelas respectivas dioceses.
Todas as tentativas de reunificação foram inúteis e causaram muitos sofrimentos morais e físicos à Fundadora.
Nos anos seguintes, Madre Mogas abriu sete casas em várias cidades espanholas, iniciando também uma tentativa missionária em Tanger, África. Em 1883, Madre Maria Ana fundou um colégio em Fuencarral. Os marqueses de Fuente Chica cederam de início o piso inferior de seu palácio para a fundação; logo depois os campos no entorno, e finalmente a fizeram sua herdeira.
Madre Maria Ana Mogas Fontcuberta teve um primeiro ataque de apoplexia em 1878, e seu físico foi deteriorando progressivamente. Mas, quando a peste se difundiu, Madre Maria Ana fez tudo o que pode para ajudar os doentes.
Após ter dedicado sua vida ao serviço das suas religiosas e da juventude, morreu em 3 de julho de 1886 na Casa de Fuencarral (Madrid), com fama de santidade: “Morreu uma santa”, se ouvia por toda a cidade.
A causa de sua beatificação foi introduzida em Roma a 11 de junho de 1977; foi proclamada beata na Praça de São Pedro em 6 de outubro de 1996.
Madre Mogas e Maria Divina Pastora
A figura de Maria, sob o título de Divina Pastora ou Mãe do Divino Pastor, aparece na vida de Maria Ana, com os primeiros contatos com a Ordem dos Capuchinhos. Esta devoção em Maria Ana é profundamente enraizada e ela a prova de várias maneiras.
As regras de 1850, compilados em 1862, depois de dizer que a imagem da Divina Pastora presidiria todos os atos da Comunidade como uma abadessa Suprema, acrescenta:
"Depois da comunhão neste dia (festa da Divina Pastora), reunida toda a Comunidade na capela, colocada diante da imagem da Divina Pastora, estando iluminado o altar, farão a seguinte a proclamação a AUGUSTA MÃE, NOSSA DIVINA PASTOR, SUPREMA ABADESSA DESTE INSTITUTO".
A "proclamação" é uma longa oração à Santíssima Virgem "doce e terna Mãe, Padroeira e Abadessa do Instituto... para renovar nossas homenagens e a promessa de obedecer tudo quanto nos prescrever aquela que de sua parte, em seu lugar e em vosso nome nos dirige... ". A Superiora governará em nome de Divina Pastora e as Irmãs renovarão em sua festa o voto de obediência.
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