quarta-feira, 1 de novembro de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Geração dos que O procuram”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Um mundo de santos
 
Gastamos mais tempo em reclamar dos problemas e dificuldades do mundo do que em perceber suas belezas e riquezas. Mesmo vendo suas grandes maravilhas, nos esquecemos da metade de sua realidade, a vida espiritual. Todos têm um mundo de riquezas espirituais. Por mais frágeis que sejamos e, mesmo malvados, há em nós uma faísca divina. É triste ver pessoas preparadas serem tão ignorantes sobre as coisas espirituais. Um cientista sem Deus é um perigo. É preciso ser sábio. Não são tão preparadas assim, pois desconhecem o que de muito rico somos. Podemos não reconhecer aDeus como Pai, mas Ele nos reconhece a todos como filhos: “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus. Em nós o somos! Se o mundo não nos conhece é porque não conheceu o Pai” (1Jo 3,1). Deus não tem filhos que não o podem chamar de Pai. Que maravilha é o amor de Deus! Isso nos faz santos mesmo quando somos pecadores. Há um modelo de santidade muito bonito ao qual tantos correspondem. Mas fomos nós que o fizemos. Deus tem o seu. Cada filho seu é maravilhoso. O amor do Pai por nós liberta-nos de todos esses modelos, pois o colo do Pai tem lugar para todos. Sendo assim, qual é a missão de quem crê em Deus e em Seu Filho Jesus Cristo? O que fazemos como cristãos que prezam este nome? Anunciar as maravilhas de Deus que todos somos filhos e dar testemunho de como se vive a resposta deste amor tão grande. Por isso todos somos santos na medida de Deus e com esforço de fazer nossa medida. Da parte de Deus nada nos falta. Jesus olha cada um de nós, como olhou o jovem rico e nos ama. Não se manifestou ainda o que seremos, mas quando se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como Ele é” (1Jo 3,2). Celebrar a festa de Todos os Santos não é somente lembrar todos os habitantes do Céu, mas também todos os que procuram ir para essa sua casa própria. Os que se debatem contra Deus, não o fazem contra Ele, mas contra certas caricaturas que fazemos dele. Se brigam com Deus é porque crêem que Ele existe, senão não iriam perder tempo de brigar com o vento. 
Santidade de pé no chão 
Santo Afonso diz que muitos colocam a santidade em orações, penitências, jejuns etc... mas toda a santidade consiste em amar Jesus Cristo. O amor é quem modela todas as atitudes do cristão. Sem isso, não podemos ser cristão autênticos. E Jesus, muito prático, mostra o que significa esse amor através do discurso da Montanha: ser pobre de espírito, aflito pelo bem, mansos, famintos e sedentos de justiça que vem de Deus, misericordiosos, puros de coração, promotores da paz, perseguidos por causa da justiça; Estes podem exultar. Tudo isso podemos fazer. Neste caminho nós podemos fazer tantas coisas na simplicidade e na caridade. Às vezes ensinamos tantas coisas estranhas e esta fica fora.
Pastoral da santidade 
O Concílio nos trouxe muitas verdades, que mesmo sendo antigas, foram obscurecidas por ideologias dentro da Igreja. Afirma que todos podem e devem ser santos em qualquer estado de vida que estejam. Se ser santo era copiar em si modelos de santidade esteriotipados. Agora podemos criar nosso modelo aprendendo dos antigos não como faziam, mas com a intensidade de seu amor a Jesus Cristos, pela Igreja na caridade. As ordens religiosas e os santos se dedicavam ao socorro dos pobres, dos abandonados. No coração da Igreja puderam viver o Evangelho e levar adiante a mensagem de Jesus 
Leituras: Apocalipse 7,2-4.-4; 
Salmo 23; 
1João 1-12ª; Mateus 5,1-12 
1. Além das dificuldades do mundo temos que ver suas belezas. Há cientistas que negam Deus e o espiritual. Negam a metade do homem. Não são sábios. A beleza maior é sermos filhos de Deus. Cada um é filho de Deus. Todos temos a faísca de Deus. Foram criados modelos para a santidade. São belos, mas Deus é quem dá a medida. No colo do Pai tem lugar para todos. Nossa missão é anunciar este amor e mostrar como vive-lo. 
2. Todos podem ser santos na situação em que vivem. A santidade consiste em amar Jesus Cristo. Jesus mostra que, vivendo as bem-aventuranças, seremos como Ele e faremos seu caminho na simplicidade e na caridade. 
3. O Concílio ensina que todos são chamados à santidade. É um pensamento antigo, mas obscurecido pelas ideologias. Não copiamos o modo de ser santo dos antigos, mas a força e a disposição de seguimento e de caridade para com os necessitados. Viver o Evangelho, na Igreja e levar avante a mensagem de Jesus. 
O santo caiu do altar 
Às vezes, quando temos muitos aniversários, fazemos uma festa para todos de uma só vez. Assim também é a festa de Todos os Santos. Comemoramos de uma só vez todos os santos que não estão no calendário. Queremos, com esta festa, lembrar todos os habitantes do Céu. É uma festa de família, pois reunimos todos da família de Deus. Que diferença têm esses santos que não estão no calendário e os que celebramos festivamente, fazemos igrejas com seus nomes, prestamos o culto devido? Na base, nenhuma. A diferença está nisto: os que estão no Cânon, isto, na lista dos santos, foram reconhecidos pela Igreja e são colocados como modelos. Não fala que os outros não são. Há “canonizados”, (canonizar significa colocar na lista dos santos). O povo de Deus reconheceu sua santidade e a Igreja sancionou. A santidade está no coração do que ama Deus. Ele dá a seus filhos participação. Jesus nos dá o caminho para sermos cidadãos do Céu: As bem-aventuranças. Elas são o jeito de ser o que Jesus quer de nós, pois Ele era assim: humilde, pobre, preocupado com os outros, com a justiça, misericordioso, puro de coração, promotor da paz. Engraçado! A gente fala de tantas coisas para ser santo, mas não fala do caminho de Jesus. Não precisamos estar no altar para ser santo, é preciso ter o altar dentro de nós, isto é Jesus.
Homilia da Solenidade de Todos os Santos (06.11.2011)

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