segunda-feira, 27 de novembro de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “O Reino vos será tirado”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Uma história em parábola
 
O Ano Litúrgico é uma grande escola para conhecermos Jesus, sua missão e os caminhos pelos quais corresponder ao Deus que se revelou. As celebrações têm um aspecto especular, isto é, são um espelho para nos vermos e ajustar nossos caminhos. Os primeiros cristãos, principalmente os de origem judaica, e eram muitos, colocavam-se diante do problema: Se Deus escolheu um povo para ser o depositário das promessas, das alianças, por que agora os pagãos entram em pé de igualdade na comunidade cristã? Jesus ensina que o Reino é aberto a todos os povos e igualmente aos judeus. Os judeus não perdem seu passado. Paulo é claro; “A eles pertence a adoção filial, a glória... e dos quais descende Cristo segundo a carne” (Rm 9,1-5). E diz também: “Israel ficou endurecido” (Rm 11,7).Os judeus não foram recusados. Ao tronco da oliveira doméstica foi enxertada a oliveira selvagem. Se esta floresceu, quanto mais florescerá o ramo natural (16-36). O ensinamento de Jesus não se dirige ao povo, mas aos chefes que eram os responsáveis a quem Deus confiou o povo. Nesta parábola podem, sobretudo os que têm alguma responsabilidade sobre o povo, seja religiosa, civil ou social, fazer um exame de consciência, pois a eles ela se dirige. 
Deus quer os frutos 
A profecia de Isaias mostra o desencanto de Deus contra a falta de correspondência a seu plano. A parábola ensina que a vinha é o povo. Deus cuidou dela com tanto carinho e, quando veio buscar os frutos, só encontrou uvas azedas que são o sangue derramado e a injustiça. O texto da parábola é uma síntese da história do povo e de suas contínuas recusas. Ela é feita para os chefes do povo, que, tendo a responsabilidade sobre ele não o levou a produzir frutos para Deus. Os profetas foram mortos por cobrarem esses frutos. Deus mandou Jesus, o Filho, que veio anunciar a vontade de Deus. Também Ele foi morto e fora da vinha, isto é, fora das portas da cidade. Ele, que foi recusado, tornou a pedra angular do novo edifício. É Ele quem deu a Deus os resultados da vinha. O povo produzirá frutos. A vinha não é devastada, mas tem outro responsável que a faz produzir frutos para Deus. 
O Reino vos será tirado 
Deus fez muito por seu povo e agora faz por nós que recebemos a herança de Deus. Deus é fiel. Se formos infiéis, Ele pode confiar a outros o cuidado de sua plantação. Deus se comprometeu em fazer sua parte. Mas, se a Igreja e a sociedade, nas pessoas de seus responsáveis, a quem Deus seu povo e seu Reino, repetirem o que fizeram os chefes dos judeus, seremos todos excluídos. Muitas vezes nos questionamos sobre a fuga de tantos da Igreja. Temos as seitas, o ateímo, o laicismo e outros nomes. Será que não estamos obstruindo o plano de Deus com leis, costumes, políticas religiosas, filosofias que pouco tem a ver com o Evangelho? A vinha será dada a outros que possam produzir para Deus. Daremos um testemunho melhor se formos mais coerentes. O que podemos fazer para corresponder aos compromissos que Deus fez para conosco? O que esta Palavra nos questiona? Paulo dizendo: “Praticai o que aprendestes e recebestes de mim ou que de mim vistes e ouvistes” (Fl 4,9). Quando nos reunimos, é preciso ouvir o que Deus tem a nos dizer. A celebração não é só uma oração, mas um questionamento e uma missão.
Leituras: Isaías 5,1-7;Salmo 79;
Filipenses 4,6-9;Mateus 21,33-43 
1. Os cristãos vindos do judaísmo tinham dificuldades de aceitar os vindos do paganismo em pé de igualdade. Paulo ensina que, Jesus foi recusado pelos chefes do povo. Deus abriu a fé aos povos, mas não fechou a eles. A parábola se dirige aos chefes. Agora a parábola é uma chamada aos que dirigem o povo. 
2. A parábola, como o texto de Isaias e salmo 79, comparam o povo à vinha. Deus pediu os frutos do povo e os chefes mataram os profetas e também a Jesus. Ele e agora o novo chefe, pedra de alicerce que dará os frutos a Deus. 
3. Deus nos confiou esta vinha. Se não formos fiéis, Ele dará a outros. Os chefes da Igreja e da sociedade, se não derem os frutos a Deus, haverá a mesma exclusão. Vemos as saídas da Igreja. Não será por isso? E preciso dar os frutos a Deus 
História bem contada 
A parábola narrada por Jesus é a história do povo de Deus. Ele e Isaias, como também o salmo, chamam o povo de “a vinha, a plantação do Senhor”. No dizer de Isaías, Deus escolheu este povo, como se escolhe uma boa muda para plantar. Depois regou, adubou e entregou aos meeiros para cuidar. Na hora de colher não deu fruto. Jesus diz a razão porque o dono não recebeu os frutos. O dono mandou os empregados buscar a parte dele. Mas os meeiros bateram e mataram os empregados. Depois mandou o filho. Pegaram o filho e o mataram fora da vinha. Quem eram os empregados? Os donos do povo, as autoridades religiosas e civis. Então a plantação vai ser tirada deles e dada a outros que possam entregar os frutos. Assim aconteceu com o povo. Deus cuidou tanto dele. Mas mataram os profetas e matam o Filho, Jesus. Assim acontece: o Reino vai ser tirado deles e dado a outros povos produzam os frutos e entregá-los a Deus. Assim, acontece com a Igreja e com a sociedade: Se não promovemos o povo e usamos o povo para nosso proveito, o Reino passa para outros. Será que não é essa a causa de tanta gente abandonar a Igreja? As autoridades tanto civis como religiosas devem se examinar.
Homilia do 27º Domingo Comum (02.10.2011)

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