Maria Petkovic nasceu no dia 10 de Dezembro de 1892, na ilha de Korcula em Blato, na Diocese de Dubrovnik (Croácia).
Desde a mais tenra infância, apesar da precariedade da sua saúde, mostrou nobreza de espírito, apego à família e à Igreja, e sensibilidade para com os necessitados. As mortes e destruições causadas pela primeira guerra mundial influenciaram a sua opção vocacional, já marcada por uma vida familiar cristã exemplar, caracterizada pela obediência, o amor filial e a observância dos preceitos divinos.
Em 21 de Novembro de 1906 fez o voto de virgindade e, depois de alguns anos de contacto com os membros da Associação das Filhas de Maria, foi inspirada a fundar a Associação do Bom Pastor, cujo carisma viria a ser a visita aos doentes, a preparação dos adolescentes para a primeira comunhão e a reparação das ofensas feitas a Jesus.
Em 1915 fundou também a Sociedade das Mães Católicas, formada por uma centena de mulheres e, a partir de 1917, passou a orientar as Terceiras Franciscanas, que então contavam cerca de duzentos membros, ajudando a "Cozinha Popular" das Irmãs Servas da Caridade, a distribuir aproximadamente três mil refeições às pessoas mais necessitadas, e prometendo solenemente ao Bispo Ordinário local que, a partir de então, viveria no meio dos pobres. E o Senhor infundiu muitos dons na sua alma eleita, que difundia luminosidade à sua volta.
Em 1919, Maria entrou no convento das Servas da Caridade. Todavia, por motivos políticos, as irmãs fundadoras, que eram italianas, tiveram que regressar à pátria e assim, o Bispo local nomeou Maria superiora provisória da nova ordem, cujos fundamentos espirituais seriam a obediência, o amor e o altruísmo. No final desse mesmo ano, Maria fundou três instituições de assistência à infância necessitada e, embora se considerasse indigna, compreendeu com grande clarividência que Deus a estava preparando para grandes obras.
A nova congregação, do ramo franciscano, foi fundada oficialmente no dia 4 de Outubro de 1920, com o título de Filhas da Misericórdia e a jovem recebeu o nome religioso de Maria de Jesus Crucificado e foi eleita superiora-geral. A jovem fundadora encontrou-se imediatamente diante de infinitas dificuldades, que procurava vencer com a oração, a fé em Deus e o trabalho árduo: a educação dos jovens membros, o plano de trabalho, a construção de novas casas, a falta de meios de sustento, a redação das primeiras Constituições (aprovadas em 1923), a consolidação e a conservação da identidade da sua instituição religiosa.
Durante quarenta anos à frente da Congregação (de 1920 a 1952, foi eleita superiora-geral cinco vezes consecutivas), Madre Maria abriu vinte e duas casas, preparando trinta religiosas para as missões na América Latina, onde viriam a ser fundadas novas casas (Argentina, Paraguai, Chile, Peru e Uruguai), assim como na Itália e na Espanha. A Sagrada Congregação para os Religiosos reconheceu esta ordem como "instituição canônica" em 1927 atribuindo-lhe, no ano seguinte, a condição de "direito diocesano" e, em 1944, por ocasião do 25º aniversário de fundação, também o "decretum laudis".
A espiritualidade de Maria apresenta três aspectos de base: provavelmente marcada pela experiência de bondade vivida em família, manifestava uma relação filial repleta de confiança no Pai misericordioso; além disso, a profunda confiança no amor ao Filho, que inspirou toda a sua vida; por fim, a incessante invocação da sabedoria do Espírito Santo, que é o ator de toda a santificação. As virtudes teologais da fé, da esperança e da caridade, em relação a Deus e ao próximo, e as virtudes cardeais que ela exerceu ao nível mais excelso, realçaram a sua sensibilidade ao voto de castidade.
Maria de Jesus Crucificado distinguiu-se ainda na fidelidade à Igreja e na obediência perfeita, mesmo nos momentos mais difíceis da sua vida: quando recebeu respostas negativas dos responsáveis a vários níveis, quando deixou o cargo do governo da sua Congregação e quando ficou paralisada na parte esquerda do seu corpo, nos últimos três anos de vida, aceitando como sinal da Vontade divina tudo aquilo que a Igreja lhe ensinava. Foi uma mulher forte, de consciência reta, grande trabalhadora e capaz de suportar todo o tipo de dor e sofrimento, permanecendo sempre aberta às inspirações do Espírito Santo e aos preceitos da Igreja, como no-lo mostram a sua vida e as suas numerosas obras. É por isso que, com fama de santidade e um milagre já reconhecido, agora pode ser elevada às honras dos altares pela Igreja que ela tanto amou.
A semente de santidade que Deus lançou no coração da pequena Maria cresceu primeiro na sua consciência e depois no seu compromisso, revigorando-se na família e na comunidade paroquial, onde amadureceram os primeiros frutos de amor ao próximo, no carisma que a levou a fundar novas casas em ordem a ajudar as pessoas marginalizadas da sociedade, para maior glória de Deus e a honra da Igreja católica.
A Serva de Deus faleceu no dia 9 de Julho de 1956, depois de um prolongado período de enfermidade e indizíveis sofrimentos.
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