Anfilóquio nasceu talvez na Licaônia, hoje Kónya, na Turquia, entre 339 ou 340. Era filho de uma família que possuia alguma distinção na Capadócia. Seu pai, Anfilóquio, era um eminente advogado e sua mãe, Lívia, era mulher de admirável fineza e sabedoria.
Provavelmente, Anfilóquio era primo de primeiro grau de São Gregório de Nazianzo e se tornou amigo de São Basílio de Cesarea. Foi criado na mesma atmosfera incomum da aristocracia cristã de sua província natal. Estudou Direito, foi professor de retórica em Constantinopla. Enfrentando dificuldades financeiras, abandonou a capital imperial e mudou-se para perto de Nazianzo, para levar uma existência pacífica, poder cuidar de seu pai, já idoso, e levar uma vida religiosa mais próxima a Gregório de Nazianzo e Basílio de Cesarea.
De início foi atraído para o círculo de influência de Basílio de Cesareia e parece ter sido por um tempo membro do grupo cristão fundado por este, a “Cidade dos pobres”.
No início de 374 recebeu a nomeação para a Sé episcopal de Icônio, provavelmente por influência de Basílio, a quem ele continuaria a ajudar nos assuntos da Igreja até a sua morte em 379.
Dali para diante, ele manteve relações muito próximas com Gregório de Nazianzo e o acompanhou ao Concílio de Constantinopla (em 381), onde São Jerônimo o conheceu e conversou com ele.
Na história da teologia, ele ocupa um lugar proeminente por sua defesa da divindade do Espírito Santo contra os macedônios. Sempre fervoroso pela questão da ortodoxia, em 376, Anfilóquio liderou um sínodo, precisamente em Icônio, para condenar a heresia do macedonianismo que negava a divindade do Espírito Santo. Foi para ele que Basílio dedicou sua obra “Sobre o Espírito Santo”. Ele mesmo escreveu um trabalho de mesmo nome, que não chegou aos nossos dias. Sabemos, entretanto, que ele o leu para São Jerônimo quando se encontraram em Constantinopla.
Exortou o imperador São Teodósio I a negar aos arianos a possibilidade de se encontrarem. O soberano inicialmente recusou, considerando a medida muito severa, mas o santo bispo acabou persuadindo-o a promulgar uma lei que declarava ilegais as assembleias públicas ou privadas dos arianos. Com o mesmo rigor, Anfilóquio se opôs às doutrinas dos messalianos, uma seita carismática e maniqueísta que considerava a oração como a única verdadeira essência da religião. A condenação desta seita veio durante um sínodo presidido por ele em 394 na Asdi, na Panfília.
Foi muito energético contra os euquitas e contribuiu para extirpá-los. Seus contemporâneos o tinham em alta estima como teólogo e como escritor erudito. Para não falar de seus admiradores e amigos já mencionados, São Jerônimo falava sobre a “tríade da Capadócia” (Basílio, Gregório e Anfilóquio), que “eles dedicam tanto esmero a seus livros com lições e frases filosóficas que é impossível distinguir o que se deve admirar mais: a erudição secular ou o conhecimento das Sagradas Escrituras”.
Da geração seguinte, Teodoreto o descreveu de maneira bem espiritual e ele foi citado por concílios até pelo menos 787. Seu único texto genuíno que sobreviveu aos nossos dias é a “Epistola Synodica”, uma carta contra a heresia macedônica em nome dos bispos da Licônia e provavelmente endereçada aos bispos da Lícia, publicada por Combefisius.
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