Reconstruir os registros da vida e a obra de Santa Teodora não é fácil. A pouca informação, sobre sua existência estão numa fonte literária muito importante: a biografia ou “Bios de São Nilo”, escrita entre 1035 e 1045, na Abadia di Grottaferrata, por São Bartolomeu, a quem conheceu em sua primeira estadia em Rossano.
Teodora nasceu em Rossano, por volta do final do século IX (pouco mais de uma ou duas décadas antes de 910 – ano do nascimento do São Nilo), “de pais nobres e honestos, mas não muito abastados Eusébio e Rosália”.
Cresceu em Rossano onde passou toda sua vida. Sabemos que inicialmente ela foi, como que uma conselheira e guia espiritual de São Nilo. De fato, a biografia desse santo nos informa que ela: “amou São Nilo, desde pequeno, quase que como um filho”. No entanto, quando ele tornou-se monge e adquiriu uma reputação de sabedoria e santidade, ela humildemente aceitou tornar-se discípula de seu discípulo. Uma dupla novidade, revolucionária para aqueles tempos de homofobia ou desconfiança das mulheres, especialmente por parte da vida monástica, que via nas mulheres as ferramentas do maligno e até proibia as mulheres de entrarem em mosteiros. Nilo e Teodora anteciparam os dois santos da Úmbria, Francisco e Clara cerca de dois séculos, por uma vivida escolha de vida de comunidade de fé.
A biografia de São Nilo nos informa sobre uma troca de “cartas” entre Nilo e Teodora acerca de uma relevante questão humana. Por volta de 945, um humilde e pobre fazendeiro, Estevão, de 20 anos, também de Rossano, que perdeu seu pai, decidiu tornar-se monge e seguir Nilo. Deixou seu trabalho, mas também deixou sua mãe e irmã sem sustento e proteção. São Nilo relutou em aceitar o pedido do jovem, no entanto, “incapaz de afastar o rapaz de seu propósito”, ele o acolheu como seu discípulo e, ao mesmo tempo, “pensou que seria justo cuidar” da mãe e irmã de Estevão. Por isso, movido pela caridade e misericórdia. São Nilo mandou cartas à Madre Teodora, que era então abadessa, nelas estava o pedido de guarda das duas familiares de Estevão, que precisavam de abrigo, ajuda espiritual e material. Ela as recebeu em seu mosteiro, um dos numerosos da famosa Montanha Sagrada (àghionòros) de Rossano, e lá, as duas mulheres, que costumavam receber as visitas de Estevão “na época da colheita”, viveram alguns anos em paz até o fim de sua existência terrena. As passagens da “Bios de São Nilo” nos fazem compreender, com bastante clareza, que São Nilo foi o fundador daqueles mosteiros, que se localizavam na montanha de Rossano e tinha duas vertentes: um para monges e outro para monjas. Os mosteiros feminnios, ele os confiou aos cuidados de Teodora.
Poucos anos depois, por volta de 970, São Nilo convenceu Teodora e suas monjas a abandonarem os mosteiros que ocupavam por dois bons motivos: por ser na montanha, longe do consórcio humano, onde o clima durante alguns meses do ano era particularmente severo e, sobretudo porque estavam expostos aos frequentes ataques devastadores dos sarracenos islâmicos (que iriam mais tarde saqueá-los e destruí-los). São Nilo as transferiu para Rossano, Bréscia, no bairro mais antigo da cidade, precisamente no mosteiro das mulheres, anexo ao Oratório de Santa Maria Anastasia.
Teodora faleceu em 28 de novembro de 980.
Nenhum comentário:
Postar um comentário