Evangelho segundo São Lucas 19,45-48.
Naquele tempo, Jesus entrou no Templo e começou a expulsar os vendedores,
dizendo-lhes: «Está escrito: "A minha casa é casa de oração" e vós fizestes dela "um covil de ladrões"».
Jesus ensinava todos os dias no Templo. Os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os chefes do povo procuravam dar-Lhe a morte,
mas não encontravam o modo de o fazer, porque todo o povo ficava maravilhado quando O ouvia.
Tradução litúrgica da Bíblia
Terceira dominicana, doutora da Igreja,
copadroeira da Europa
Carta 33 a Fr. R. de Cápua, n. 74
O mistério da perseguição purifica a Igreja
Deus revelou-me os seus segredos de modo especial e deu-me a conhecer coisas admiráveis. Deus explicou-me sobretudo o mistério da perseguição que a Santa Igreja sofre atualmente, e a sua renovação, a sua exaltação nos tempos vindouros.
Para me fazer compreender que as circunstâncias em que a Igreja se encontra são permitidas para lhe devolver todo o seu esplendor, a Verdade Suprema citou-me duas palavras que estão no santo Evangelho: «É inevitável que venham os escândalos»; e Nosso Senhor acrescentou: «contudo, ai do homem por meio do qual o escândalo vem!» (Mt 18,7). Como se dissesse: permito este tempo de perseguição para arrancar os espinhos de que a minha Esposa está rodeada, mas não permito os pensamentos pecaminosos dos homens.
Sabeis o que estou a fazer? Estou a fazer como fiz quando estava no mundo: fiz um chicote de cordas e expulsei os que compravam e vendiam no Templo, pois não queria que a casa de meu Pai se tornasse um covil de ladrões. Digo-vos que estou a fazer o mesmo agora. Estou a fazer das criaturas um flagelo e, com esse flagelo, estou a expulsar os mercadores impuros, gananciosos, avarentos e orgulhosos que vendem e compram os dons do Espírito Santo. De facto, com o chicote da perseguição das criaturas, Nosso Senhor expulsou-as e, à força da tribulação, arrancou-as da sua vida vergonhosa e desregrada.
Do mal feito pelos maus cristãos em perseguição à Esposa de Cristo deverá nascer a honra, a luz e o perfume da virtude para essa Esposa. E isto era tão doce que me parecia não haver comparação entre a ofensa e a infinita bondade que Deus testemunhava com a sua Esposa. Então rejubilei, saltei de alegria, e vi tão claramente este tempo futuro que me pareceu possuí-lo já, e saboreá-lo. Havia ali mistérios tão grandes que a língua não os pode dizer, o coração não os pode compreender e os olhos não os podem ver.
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