Evangelho segundo São Mateus 5,43-48.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito: "Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo".
Eu, porém, digo-vos: amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem,
para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o Sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos.
Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem a mesma coisa os publicanos?
E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos?
Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito».
Tradução litúrgica da Bíblia
Fundador de mosteiro em Marselha
Sobre a perfeição, cap. VII; SC 54
Esforcemo-nos por progredir até à caridade de Deus
É o preceito do próprio Salvador que nos convida a esta semelhança com o Pai: «Sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito». Nos graus inferiores, o amor do bem interrompe-se quando a tibieza, o contentamento ou o prazer vêm deter o vigor da alma e a fazem perder de vista o temor do inferno ou o desejo de felicidade futura. Eles constituem, apesar de tudo, como que degraus de progresso, de aprendizagem.
Tendo, a princípio, evitado o vício por medo do castigo ou pela esperança da recompensa, torna-se-nos impossível passar para o nível da caridade: «No amor não há temor; pelo contrário, o perfeito amor lança fora o temor. De facto, o temor pressupõe castigo e quem teme não é perfeito no amor. Nós amamos porque Deus nos amou primeiro» (1Jo 4,18-19). Não há outro caminho para nos elevarmos à perfeição verdadeira: assim como Deus nos amou primeiro, considerando apenas a nossa salvação, assim devemos nós amá-lo unicamente por seu amor.
Esforcemo-nos, pois, com todo o ardor, por subir do temor à esperança, da esperança à caridade de Deus e ao amor das virtudes. Emigremos em direção à afeição do bem pelo bem, e a ele permaneçamos imutavelmente apegados, tanto quanto é possível à natureza humana.
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