Sei que existo e tenho consciência do que sou e para o que vivo. Falamos da libertade, a consciência é sua fonte. Tenho conhecimento de que falar sobre consciência exige muito mais do que boa vontade. Pela consciência tomamos as decisões que nos orientam para nossa opção fundamental e nos dirigimos em nosso dia a dia. Por ela usamos nossa liberdade, relacionamo-nos com Deus, com a realidade presente, com os outros e conosco mesmos. Por ela somos o que somos, construimos nosso caminho de salvação e nos responsabilizamos por nossos atos. Ela é a chave que nos abre à vida plena. De acordo com a consciência que temos, somos competentes em viver. A ela devemos seguir sempre. A questão fundamental é ter “uma consciência vigilante que permita nos conhecer a nós mesmos, nossa oliberdade, nossa vocação ao amor que jorra de Deus e a Deus conduz. Teremos consciência reta, se formos capazes de discernir claramente o que é que devemos à verdadeira liberdade e ao reino universal do amor”(Pe. Häring). Somos desafiados a conhecer nossa consciência e como ela nos orienta. Somos estimulados a torná-la sempre mais preparada, para responder com justeza às situações em que nos encontramos e por ela orientar nossa vida. Bem formada, ela nos capacitará, pelas virtudes, para a busca do bem e da verdade, com critérios que nascem da opção fundamental pelo fim último, que é Deus. Uma consciência mal formada torna-se um perigo, pois ela impulsiona nossas atitudes.
Formar a consciência
O desafio maior é a formação da consciência. Formadas as consciências, reformamos o mundo. É muito bonito isso! Eu acredito. Sua formação é um saber existencial, quer dizer, tem que ter vida e levar a viver a liberdade, amar, fazer o bem e tudo o que é útil ao Reino de Deus, ao mundo. Bem formados, vivemos o amor e a justiça. Não se trata, primeiramente de conhecimento intelectual, mas de vida. A pessoa simples pode ter a sabedoria em grau muito elevado. Para iniciar, temos que conhecer a nós mesmos, nosso tipo, nossas tendências, nossas capacidades, nossa missão no mundo. Estas, reguladas e orientadas, formam nosso caráter. As virtudes convergem para a opção fundamental da vida. Essa formação da consciência vai além do individual. Requer o esforço solidário e a cooperação com os outros. Um bom caráter abre-se à participação dos outros na formação da consciência. Os outros são um bom espelho. Essa formação envolve também a dimensão espiritual pela qual nós nos libertamos das situações e males que nos afligem. A formação da consciência atinge nossa memória na qual estão guardadas tantas coisas boas, mas também dolorosas e ruins. É preciso limpar a memória para que possamos fazer, do que é bom, um estímulo ao crescimento.
Respeitar a consciência
S. Afonso de Ligório foi o defensor da consciência diante de um mundo religioso que privilegiava a lei. O coração de cada pessoa deve assumir as orientações e fazê-las suas. Assim poderá crescer. Não basta dizer: isso está errado. É preciso dar a cada pessoa a possibilidade de aprender os caminhos. Não posso invadir o coração das pessoas. Devo respeitar a pessoa e saber primeiro o que entende, antes de condenar. O diálogo das consciências é mais frutuoso do que a condenação. Respeitar a consciência é dar-lhe o direito de aprender e assimilar para a vida os ensinamentos como um valor. Por isso, é sumamente apreciável que, nos confessionários e pregações, tenhamos o cuidado de dar a cada pessoa o direito de aprender. Quanto mais formamos, mais adultos serão.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JULHO DE 2008
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