A Beata Maria Gabriela Sagheddu nasceu em 17 de março de 1914 e, em 30 de setembro de 1935, aos vinte e um anos, deixou a família, no povoado de Dorgali (Sardenha), para ingressar no mosteiro trapista de Grottaferrata onde, em apenas quatro anos, se santificou. Faleceu, aos 23 de abril de 1939, depois de ter ofertado sua vida, como vítima expiatória, pela unidade dos cristãos.
No presente artigo, tratamos do autêntico sentido do Natal, segundo ela deixou registrado em suas Cartas que, após a sua morte em fama de santidade, foram reunidas na magnífica obra Cartas da Trapa. Vida e correspondências de Maria Gabriela Sagheddu, monja trapista do século XX (São Paulo: Cultor de Livros, 2021, 208 páginas).
Na Carta 5, de 29/12/1935, dirigida à sua mãe, anota sobre o seu primeiro Natal no mosteiro:
“Conto-lhe como passamos o Santo Natal. No dia da Vigília de Natal, fomos para a cama às cinco. Pareço ouvi-la rir e dizer: ‘cedo demais’. Porém, nós nos levantamos às nove e cantamos até às onze e meia, mas não pense que foram canções, o que cantávamos eram salmos. Depois, à meia-noite, começou a missa do Menino Jesus, também cantada, e nessa missa comungamos. Pense, receber o Senhor antes da uma hora e me diga se não parece melhor do que comer um cordeiro e salsichas grelhadas como se faz em Dorgali. Após a missa, ainda cantamos de novo e depois fomos descansar um pouco. De manhã, ouvimos outras cinco missas. Parece-lhe demais? Era o dia de Natal e é necessário venerar o Menino Jesus que, por amor a nós, nesse dia, se dignou descer do céu a esta terra miserável e a deitar na manjedoura de um estábulo. Meditemos nesta sublime lição. Ele, que é onipotente, criador do céu e da terra, se humilhou tanto; e nós, suas miseráveis criaturas, não queremos reconhecer o nosso nada e a nossa indignidade. Meus queridos, prometamos ao Senhor reconhecê-lo, ao menos de agora em diante, e reparar, enquanto pudermos, o mal que tenhamos cometido e todos os pecados que se cometem no mundo, que são muito numerosos” (p. 86-87).
Na Carta 8, de 21/12/1936, escreve:
“O dia de Natal está se aproximando e também o final do ano. O Menino Jesus virá carregado de presentes e trará paz e amor aos corações. Preparemos também o nosso coração a fim de que Ele o encontre pronto para recebê-Lo e Ele não deixará de nos dar os dons espirituais de que precisamos. Peça por mim, para que, em breve, eu me torne uma santa religiosa e Sua esposa verdadeira, não apenas de nome. Eu pedirei pela senhora durante a comunhão que fazemos à meia-noite, e também durante o ofício que será todo cantado. Coube precisamente a mim cantar o Gloria in excelsis Deo. Vai sair um pouco desafinado, mas paciência! O Menino Jesus irá aceitá-lo do mesmo modo. Receba meus votos de Feliz Natal e Feliz Ano Novo, extensivo a toda a família, parentes e conhecidos. Que o Senhor lhes conceda um novo ano cheio de graças e bênçãos, a saúde do corpo e tudo o que precisam para a vida temporal” (p. 98-99).
Por fim, na Carta 26, de 20/12/1937:
“Estamos próximos do Santo Natal, festa tão querida aos nossos corações e a terceira que passo na casa do Senhor. É uma festa antiga que sempre volta como nova. Jesus Menino voltará ao presépio, também este ano, para recordar-nos que por amor a nós se fez tão pequeno e necessitado. Aos olhos dos que vivem de acordo com o mundo, parece tolice pensar que o Onipotente se reduziu a isso por suas criaturas. No entanto, a sabedoria de toda a humanidade junta não vale uma migalha da infinita sabedoria de Deus, que dispôs tudo santamente. Que o Menino Deus venha a vocês rico de dons, de acordo com as suas necessidades, mas sobretudo as espirituais. Diante de sua manjedoura, ou seja, do presépio, não se esqueça de mim e diga-lhe que me faça espiritualmente pequena e conforme à sua vontade. Renasçamos com Jesus e no ano novo, que se inicia em breve, proponhamo-nos a viver mais santamente no amor de Deus e no cumprimento perfeito das nossas obrigações. Desejo que este novo ano seja rico em graças e bênçãos celestiais segundo seus desejos” (p. 130). Reflitamos…
Fonte: https://pt.aleteia.org/ -
Vanderlei de Lima - publicado em 19/12/21
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