Evangelho segundo São Mateus 10,17-22.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos: «Tende cuidado com os homens: hão de entregar-vos aos tribunais e açoitar-vos nas sinagogas.
Por minha causa, sereis levados à presença de governadores e reis, para dar testemunho diante deles e das nações.
Quando vos entregarem, não vos preocupeis em saber como falar nem com o que dizer, porque nessa altura vos será sugerido o que deveis dizer;
porque não sereis vós a falar, mas é o Espírito do vosso Pai que falará em vós.
O irmão entregará à morte o irmão e o pai entregará o filho. Os filhos hão de erguer-se contra os pais e causar-lhes a morte.
E sereis odiados por todos por causa do meu nome. Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo.
Tradução litúrgica da Bíblia
(Edith Stein) (1891-1942)
carmelita, mártir,
co-padroeira da Europa
O Mistério de Natal
«A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam» (Jo 1,5)
O Menino do presépio estende os bracinhos, e o seu sorriso parece predizer o que os lábios do homem dirão mais tarde: «Vinde a Mim todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei de aliviar-vos» (Mt 11,28). «Segue-Me!» Desse modo se expressam as mãos do Menino, como mais tarde o farão os lábios do homem (cf Mc 1,17). Assim falaram os seus lábios ao discípulo que o Senhor amava e que agora também pertence ao séquito do presépio. E João, o mais novo de todos, o discípulo com coração de criança, seguiu-O sem perguntar para onde nem para quê: abandonando a barca do pai, foi atrás do Senhor por todos os seus caminhos até ao cume do Gólgota (cf Jo 19,26).
«Segue-Me!» O mesmo fez Estêvão: seguiu os passos do Senhor na luta contra o poder das trevas e a cegueira da incredulidade empedernida, acabando a dar testemunho dele com a sua palavra e o seu sangue. E também O seguiu no espírito de amor que combate o pecado, mas ama o pecador, e que até diante da morte o leva a interceder junto de Deus pelos seus assassinos.
São estes os filhos da luz que se ajoelham à volta do presépio: ternas crianças inocentes, pastores cheios de fé, reis humildes, Santo Estêvão, o discípulo entusiasta, e João, o apóstolo do amor. Todos eles seguiram o apelo do Senhor. Diante deles estende-se a noite cerrada da incompreensível dureza de coração e da cegueira de espírito dos escribas, que souberam assinalar com exatidão o momento e o lugar onde haveria de nascer o Salvador do mundo, mas foram incapazes de deduzir disso um resoluto: «Vamos a Belém» (Lc 2,15); e do rei Herodes, que quis tirar a vida ao Senhor da Vida.
Diante do Menino deitado no presépio, os espíritos dividem-se. Ele é o Rei dos reis e Senhor da vida e da morte. Ele diz: «Segue-Me!» e quem não está com Ele está contra Ele. Também no-lo diz a nós, obrigando-nos a optar entre a luz e as trevas.
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