quarta-feira, 21 de outubro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Quero misericórdia e não sacrifício”.

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
(Ao lado, o sempre estimado Padre Brandão
diretor redentorista)
Este domingo, o 10º do tempo comum
, traz-nos o coração da doutrina de Jesus: Ele é a misericórdia do Pai. Sua missão é a mesma do Pai: ser amor e misericórdia, palavras estas que definem Deus desde o Antigo Testamento. Estamos na terceira parte do Evangelho de S. Mateus onde fala da pregação do Reino. Ao iniciar esta pregação, o evangelista mostra diversos aspectos da missão de Jesus: faz milagres, acolhe a fé de um pagão e demonstra seu poder sobre os elementos da natureza, sobre as forças do mal e abre os olhos ao cego. Ele é a grande novidade, o vinho novo. Neste contexto ele chama para segui-lo o publicano Mateus. 
Mas a pregação de Jesus não é feita somente de palavras ou de gestos. Ele é a Palavra. Ele é o gesto de Deus. Ele mostra quem é o Pai que o enviou. Podemos conhecê-lo e compreendê-lo através do episódio do banquete na casa de Mateus. Ele, para o escândalo dos fariseus, vai comer na casa de um pecador público. Jesus, ouvindo as críticas dos fariseus, responde simplesmente: “Aqueles que tem saúde não necessitam de médico, mas sim os doentes. Aprendei o que significa: quero misericórdia e não sacrifício. De fato eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”. Com estas palavras define sua missão e abre caminho para a missão da Igreja. Sua missão é ser a misericórdia do Pai.
Nas parábolas encontramos este modo de ser de Jesus, quando fala da ovelha perdida e do filho que sai de casa e encontra na volta um pai misericordioso. Ele cita o profeta Oseias 6,6, que diz estas palavras “quero amor e não sacrifícios”. Toda a mente de Jesus está voltada para os necessitados. Por isso faz milagres e acolhe os necessitados. Para isso Ele se faz um pobre e próximo ao pecador necessitado. Sua visão é de compaixão: “tenho pena deste povo”. Desta compaixão nascem os milagres. Este modo de agir chocou os chefes do tempo. Jesus é acusado de beberrão e comilão, pois estava misturado com o povinho. É acusado de viver com prostitutas e pecadores. Ali era o seu meio, o lugar onde ele poderia mostrar o rosto amoroso do Pai. 
Deste seu modo de agir, nasce um modo de ser para a Igreja. Atualmente a Igreja é para os bons e sem defeitos. Mas na realidade ela é para os necessitados de carinho, amor e compreensão. Atitude de fé de Abraão torna-se modelo para quem quer se dedicar aos necessitados: é na fé que poderemos entender e compreender nossa atitude fundamental de buscar estar unido a Cristo nesta misericórdia. Do contrário faremos poesia e linguagem vazia. A Igreja vai ser expressão de Cristo quando se voltar completamente para os pobres e abandonados. Do contrário estaremos destruindo a missão de Jesus e a vontade do Pai: ser misericórdia e compaixão. 
(Leituras: Oséias, 6,3-6; 
Romanos 4,18-25; Mateus, 9,9-13) 
Homilia do 10º Domingo do Tempo Comum 
EM JUNHO DE 2002

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