segunda-feira, 26 de outubro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Não temais!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
O Evangelho de S. Mateus
continua apresentando o discurso de missão. Jesus escolhe os doze, ensina como devem ir e explica que serão perseguidos, mas estimula-os a não ter medo, pois a missão é dEle. É Ele que continua a anunciar através de seu discípulo. A liturgia apresentada-nos a missão do discípulo. A primeira leitura, por seu lado, mostra a sorte do discípulo. O profeta Jeremias é o exemplo de perseguição e de confiança. Por que tanta perseguição contra os discípulos? Paulo, na carta aos Romanos, mostra que o pecado entrou no mundo. Nós anunciamos num mundo de inimigos. É o inimigo mortal que levanta seus seguidores para dar perseguição e morte aos seguidores de Jesus. Daí podemos compreender o que diz Jesus: Não temais quem mata o corpo, mas não pode matar a alma. 
Três vezes, neste evangelho, temos as palavras fortes de Jesus: “Não tenhais medo!” Todas as manifestações de Deus nas Sagradas Escrituras propondo uma missão a um homem ou mulher, são precedidas destas palavras: não tenhas medo. O anjo disse a Maria: “não temas, Maria, pois encontraste graças da parte de Deus” (Lc 1,30). O motivo é simples: o que vem de Deus não faz mal para nós. Deus jamais coloca o cristão em perigo. Ensinamento que ponha medo nas pessoas, não vem de Deus, mesmo sendo pronunciado nos altares. Podemos ver que certo tipo de feitiçarias, “trabalhos”, sempre querem colocar medo. Há supertições, devoções e certas pregações que impõem medo. Elas não procedem do Espírito de Deus! Tudo que Jesus propõe, não dá medo, porque não devemos temer o que acontece no espírito da missão de Jesus. O que é do maligno é perigoso. Esse pode fazer-nos perder não só o corpo, mas também a alma.
Ao lado da palavra temer, encontramos a proclamação da fonte de toda confiança: nenhum pardal cai no chão sem o consentimento do Pai. Deus toma conta até dos cabelos de nossa cabeça. Estão todos contados. Se entrarmos na jogada com Deus, podemos ter confiança. Vejamos o testemunho da Camila (7 anos), filha de Cláudia e Sergio, sobre quem já escrevi tempos atrás. Cláudia pede-lhe um favor e diz: mas você está não medo de ir no escuro? Ela responde: “Eu confio em Deus. Eu tenho fé em meu Deus”. Quando se fala que fé é um pulo no escuro, quer dizer: é um pulo na confiança desta presença protetora de Deus que se adquire na fé e no amor em quem acreditamos. S.Paulo diz: “sei em quem acreditei” (2Tim 1,12). O profeta Jeremias é contundente: “O Senhor está a meu lado, como um forte guerreiro; por isso, os que me perseguem cairão vencidos” (Jr 20,11). 
A proteção de Deus não elimina a possibilidade de que discípulo seguidor de Jesus o siga, também no seu sofrimento de cruz. O inimigo pode matar o corpo, como matou o de Jesus. Mesmo assim podemos ter confiança, pois não pode matar a alma. Jesus no último momento ainda se entrega nas mãos do Pai, confiantemente sabendo que o Pai não o abandonaria no poder da morte. Por isso, não temais: A raiz do medo é o pecado. A raiz da confiança é a fé em Jesus. 
(leituras: Jeremias 20,10-13; 
Romanos 5,12-15; Mateus, 10,26-33) 
Homilia do 12º domingo do Tempo Comum
Em junho de 2002

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