sexta-feira, 30 de outubro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Tomai sobre vós o meu jugo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
O evangelho de São Mateus
quer, nesta secção, mostrar a pessoa de Jesus. Falando do Reino, apresenta os pequeninos como aqueles que acolheram e se abriram à revelação. Mas quem é o pequenino? É o próprio Jesus que se iguala a todos aqueles que se abrem à bondosa manifestação de Deus. Jesus é o pequenino que acolhe o Pai e se faz acolhedor de todos os que estão sobrecarregados de sofrimentos e devem ainda suportar as dificuldades e o peso imposto pela sociedade e pelos que pretendem ser donos da Igreja. 
Conhecer quem é Jesus, é a sabedoria da vida cristã. Primeiramente, Jesus, o Homem Novo, é feito à imagem de seu Pai, o Deus eterno. Deus se descreve e se apresenta no salmo de meditação: “Misericórdia e piedade é o Senhor, Ele é amor, é paciência, é compaixão” (Sl 144,8). Revelando o Pai deste modo, Jesus se revela como o seu enviado para implantar um Reino onde as armas são a misericórdia, a ternura e a bondade. Este é o Messias profetizado por Zacarias: “Eis que vem a teu encontro o teu rei. Ele é justo, ele salva, é humilde e vem montado em um jumentinho”. Ele implantará a paz. Esta é a revelação que os pequeninos podem ouvir e acolher com alegria: “Ninguém conhece o Pai a não ser aquele a quem o Filho o quiser revelar”. 
Esta proclamação do Reino tão estranha aos judeus, mostra-nos quem é o homem que acolhe Jesus, e quem é o Jesus o homem acolhe. Ser pequeno não se confunde com moleza e incapacidade. Ser pequeno é conhecer as próprias limitações e as próprias capacidades, e com elas se reconhecer sendo para Deus. Para ser pequeno é preciso, pois, ter alma grande. Por isso, quem é pequeno tem a compreensão do mistério que Deus é: simplicidade, misericórdia, ternura, piedade, paciência, compaixão e amor fiel. Foi este o Deus de nossa formação cristã? 
O Jesus que se revela igual ao Pai, é aquele que revela o homem ao homem e Deus ao homem. Revela o homem ao homem quando lhe mostra sua verdadeira face: bondade e ternura, pois esta é a face da imagem de Quem o criou. Revela esta verdade pois experimenta em si toda a realidade humana, podendo assim falar a cada um de nós. Revela Deus ao homem quando, através de si mesmo, faz conhecer quem é o Pai. “Ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. O que Jesus mostra de si é a bondade, a compaixão quando cura um doente, a ternura que abraça um pequenino, é a leveza quando não condena ninguém, é a mansidão quando se deixa tocar por um doente, é a humildade quando lava os pés dos apóstolos como servo de todos. É nele que vale a pena se lançar e repousar. 
São Paulo convida a não viver segundo a carne, pois, nos levaria à morte. Viver segundo o Espírito é colocar em nós os sentimentos do Espírito que animava Jesus. Aceitar a revelação de Jesus é viver segundo a pequenez proclamada no evangelho se hoje.
(leituras: Zacarias 9,9-10; Romanos 8,9.11-13; Mateus 11,25-30) 
Homilia do 14º Domingo do Tempo Comum 
Em Julho de 2002

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