PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 52 ANOS CONSAGRADO 45 ANOS SACERDOTE |
Baseio-me no artigo de Eraldo Gleidson C. Virães, da revista Mundo Jovem de 08.06.00. O autor faz um estudo das origens dos festejos. “Os festejos juninos surgem antes mesmo do advento do cristianismo. Os romanos realizavam rituais em homenagem à deusa Juno. Os rituais tinham características de adoração ao fogo, culto à fertilidade da terra e do homem. Há registros que demonstram que estas festas juninas também eram realizadas na Ásia e na África. Estas festas também se caracterizavam pela sua natureza agrária. Quando o Cristianismo se impôs à mitologia romana, os costumes enraizados na cultura do povo europeu conseguiram sobreviver e os povos permaneceram celebrando as festas juninas. Câmara Cascudo, no dicionário do Folclore Brasileiro comenta: ‘Portugal possui, no espírito da sua população, todas as crendices amalgamadas na noite de 23 de junho, convergências de vários cultos desaparecidos e mantidos sob a égide de um santo católico’”.
Há muitas celebrações cristãs que provém de tradições multisseculares e foram assumidas pelo cristianismo. Assim, as tradições rurais antigas foram “batizadas” pelo cristianismo e, sem referência a paganismo, continuaram na alma do povo naquilo que era importante: união da pessoa aos ciclos da natureza, celebração de louvores a Deus como fonte de todo bem e celebração da fraternidade através de ritos e símbolos. Esta festa, depois da vida predominantemente rural, passou à cidade, com todos os elementos folclóricos que lhe são característicos: quadrilhas, comidas, vestes e sobretudo a reunião da família, dos amigos, do bairro, da associação, da escola.
Os três santos que são celebramos neste tempo apadrinharam a festa e deram-lhe os sentidos cristãos. São santos de grande popularidade: dia 13 celebramos Santo Antônio, dia 23 nascimento de S.João Batista e dia 29 São Pedro. A fogueira é oportuna para os tempos frios e de noites longas.
Perguntamos se isso condiz com a fé e a religião. Na orientação dos documentos da Igreja podemos ler que tudo o que não é contrário à fé e aos bons costumes pode ser assumido pela Igreja e pode ser útil para transmitir e celebrar a salvação que Cristo nos trouxe. Nenhuma religião tem o direito de interferir na sadia cultura de um povo. Festa que promove a fraternidade é boa e é necessário que seja mantida, pois corresponde à cultura do povo e à beleza do amor proposto pelo Evangelho. Convém que promovamos tudo o que conduz à fraternidade, sobretudo num mundo onde as pessoas se isolam e se distanciam do amor fraterno.
E viva São João!
ARTIGO REDIGIDO E DISTRIBUÍDO EM JUNHO DE 2002
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