Evangelho segundo São Lucas 13,10-17.
Naquele tempo, estava Jesus a ensinar ao sábado numa sinagoga.
Apareceu lá uma mulher com um espírito que a tornava enferma havia dezoito anos; andava curvada e não podia de modo algum endireitar-se.
Ao vê-la, Jesus chamou-a e disse-lhe: «Mulher, estás livre da tua enfermidade»;
e impôs-lhe as mãos. Ela endireitou-se logo e começou a dar glória a Deus.
Mas o chefe da sinagoga, indignado por Jesus ter feito uma cura ao sábado, tomou a palavra e disse à multidão: «Há seis dias para trabalhar. Portanto, vinde curar-vos nesses dias e não no dia de sábado».
O Senhor respondeu: «Hipócritas! Não solta cada um de vós do estábulo o seu boi ou o seu jumento ao sábado, para o levar a beber?
E esta mulher, filha de Abraão, que Satanás prendeu há dezoito anos, não devia libertar-se desse jugo no dia de sábado?».
Enquanto Jesus assim falava, todos os seus adversários ficaram envergonhados e a multidão alegrava-se com todas as maravilhas que Ele realizava.
Tradução litúrgica da Bíblia
Bispo de Jerusalém,doutor da Igreja
Catequese batismal, n.° 13
Libertos dos laços do pecado
pela cruz de Cristo
Dizia São Paulo: «Quanto a mim, de nada me quero gloriar, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo» (Gal 6,14). Foi coisa deveras admirável ter aquele cego de nascença recuperado a vista em Siloé; mas que significou isso para os cegos de todo o mundo? A ressurreição de Lázaro, morto havia quatro dias, foi coisa grande, que ultrapassou a natureza; mas essa graça aproveitou apenas a ele, nada trouxe a todos os que, no mundo, tinham morrido pelos seus pecados. Foi assombroso fazer brotar, a partir de apenas cinco pães, alimento bastante para saciar cinco mil homens; mas isso nada significou para aqueles que, em todo o universo, sofriam de fome e de ignorância. Admirável foi a libertação de uma mulher acorrentada por Satanás havia dezoito anos; mas que significará esse facto comparado com a nossa situação de presos pelas correntes dos nossos pecados ?
Mas a vitória da cruz conduziu à luz todos aqueles que a ignorância tornava cegos, libertou todos os que o pecado fazia cativos e resgatou toda a humanidade. Não te surpreenda que o mundo inteiro tenha sido resgatado. Aquele que morreu por este resgate não era só um homem, mas o Filho unigénito de Deus. O pecado de Adão trouxe a morte ao mundo; ora, se a queda de um só fez reinar a morte sobre todos os homens, não há de a justiça de um só, com muito mais forte razão, fazer reinar a vida (cf Rom 5, 17)? Se outrora, pela árvore cujo fruto comeram, os nossos primeiros pais foram expulsos do paraíso, não hão de agora, pela árvore da cruz de Jesus, entrar os crentes muito mais facilmente no Paraíso? Se o primeiro ser modelado de barro trouxe a morte a todos, não há de Aquele que do barro o modelou trazer a todos a vida eterna, Ele que é a própria Vida (cf Jo 14,6)?
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