PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 52 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
2112. Muitas pedras no caminho
Relembrando algumas passagens da Escritura sobre a pedra, vamos encontrá-la em diversos momentos. Jacó pega uma para travesseiro. Depois faz dela um altar; Moisés escreve os mandamentos em uma prancha de pedra, tira água da pedra, faz um altar de pedras. Josué faz um monumento de pedra para marcar o compromisso do povo. Jesus diz que Deus pode fazer das pedras filhos de Abraão. Os judeus pegaram em pedras para atirar em Jesus. Lembramos uma pedra importante: aquela que fechou o túmulo de Jesus significando o encerramento de tudo o que era vida humana naquela pessoa. Ali Ele era um morto. O que é a morte? Impossível saber, pois, ninguém voltou para dizer o que é. A morte encerra o que era a vida humana. Mas Jesus ressuscitou. Foi além da morte para a Vida. Ela é a conclusão. É o momento da somatória de tudo o que somos. E como tudo se destrói, pode causar em nós aquela desilusão: Por que tudo o que fazemos termina tão como colocado definitivamente sob uma pedra? Dá uma sensação de vazio. Que valeu a vida para tudo terminar no nada? Vemos o próprio Jesus chegar ao fim de tanta promessa e ir para um túmulo e Lhe ser colocado na entrada uma grande pedra. Essa desilusão come a alma da gente. À medida que a vida vai passando, as coisas secundárias vão perdendo o sentido. A gente quer se agarrar em alguma coisa, mas tudo escapa. Por outro lado, celebramos Finados é dia de lembrar os mortos. Para nós eles continuam vivos.
2113. Onde está tua vitória?(1Cor 15,54)
Finados é a lembrança de todos os mortos. Por que ir ao cemitério se ali sobram somente os restos? Certamente temos a certeza que ali não está a pessoa. Há tantos mortos que não foram sepultados ali. Dá a entender que há uma vitória sobre a morte na vida que continua. Paulo diz: “Quando este ser corruptível tiver revestido da incorruptibilidade e este ser mortal tiver revestido a imortalidade, então cumprir-se-á a palavra da Escritura: Ó morte, onde está a tua vitória?” (1Cor 15,54-55). Quando celebrarmos, lembramos e mantemos a memória de nossos mortos é porque temos consciência que estão vivos. Sentimos sua presença. Rezar pelos mortos é o maior testemunho que estão vivos. Como estão no processo de purificação (não sabemos como é, pois não é uma purificação humana), estamos unidos a eles no Corpo Místico de Cristo, como lemos em Romanos 12,5 e 1 Coríntios 12,12. Todos nós fazemos parte de Cristo. Partilhamos de sua purificação através da solidariedade gerada em nós pelo Espírito Santo que nos une como membros do Corpo de Cristo no qual estão unidos os dos céus, os da terra e do purgatório.
2114. Viver sempre
Na celebração litúrgica da memória de todos os mortos, vemos a força da Ressurreição dando vida à vida. Lemos as palavras imortalidade, luz, banquete, vida eterna, ressurreição, filhos de Deus e seremos semelhantes a Ele. Assentar-se em uma tampa de um túmulo de um conhecido é esperar a realização da certeza da vida que continua. Na casa do Pai haverá a vida por completo. Não é tanto a memória, o bem querer e a lembrança que nos unem aos mortos, e sim, o mistério de Cristo celebrado na Eucaristia. Ali nos fazemos um único corpo com todos os que se foram. Por isso, Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho, dizia ao final da vida; “Só peço que vos lembreis de mim no altar do Senhor”. É um ensinamento muito antigo, pois ela faleceu em 387. A Igreja não inventou a oração pelos mortos, mas a recolheu da tradição mais antiga. Continuemos a rezar pelos mortos. Um dia rezarão por nós.
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