PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 52 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
Liberdade do Espírito
Nossos esquemas espirituais nos dão a sensação de termos toda a verdade e que nosso modo de agir é o único e o melhor. Contudo, não somos donos do Espírito Santo. É o que lemos no 24º Domingo Comum tanto no livro dos números como no evangelho de Marcos. Nos dois casos havia gente agindo pelo Espírito Santo e não fazia parte do grupo. Aparecem logo os que querem por ordem e proibir. Tanto Moisés como Jesus colocam a questão no seu justo lugar: “Ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim” (Mc 9,38-39). Na história tivemos tempos de fechamento em nós mesmos, em nosso mundo e em nossa Igreja. Não se trata somente de assuntos religiosos. Até hoje podemos ver como a sociedade do primeiro mundo desconhece a humanidade que possuem povos pobres. A Igreja ainda tem essa tentação e desconhece a riqueza desses povos que não conhecíamos. Não é algo oficial, mas muito forte. Basta ver como o primeiro mundo recusa o Papa , bem como nossas estruturas. Nenhuma religião se pode considerar-se dona de Deus e controladora de suas ações. Deus é livre e não precisa pedir licença para manifestar sua graça. Devemos ter segurança em nossa fé. Ela contém tudo para a salvação. Mas podemos aprender muito dos outros para viver melhor nossa fé. A capacidade de perceber as riquezas espirituais dos povos recupera da Igreja.
O Reino em pequenos passos
Jesus faz uma chamada sobre o escândalo. O Reino de Deus exige que se respeitem os pequeninos. Se um copo d’água dado a outrem não fica sem recompensa, um escândalo não fica sem sua paga. E diz que quem escandaliza merece que lhe seja amarrada uma pesada pedra ao pescoço e ser jogado ao mar. Temos visto que os meios de comunicação exigem a liberdade de se fazer o que quiser. Não se tem a preocupação com mal que vai fazer a alguém, sobretudo aos pequeninos. Meu direito vai até onde começa o direito do outro. E faz uma bela comparação: Se teu olho ou tua mão ou teus pés o levam a pecar, corta-os. É melhor entrar no Reino dos Céus sem uma mão ou olho ou os pé, do que com tudo isso ser jogado no inferno. O que significa? Olho, significa o conhecimento; mão, o trabalho; os pé, a direção da vida. Se minhas atividades distanciam do Reino de Deus; se meus conhecimentos e ensinamento prejudicam as pessoas, se minha atuação leva a pecar, devo passar por um processo de conversão. Por isso não tenho direito de levar os outros ao erro e ao pecado (Mc 9,42-49). A lei do Senhor é perfeita, alegria ao coração (Sl 18). Faz parte da missão da Igreja libertar as pessoas de todas as prisões.
Quem mata o Reino?
Tiago cita a condição dos que são ricos à custa de sofrimento dos outros. É uma situação de pecado. O que ofende o povo humilde ofende a Deus. É dura a frase de Tiago: “O salário dos trabalhadores que ceifaram vossos campos, que deixastes de pagar, está gritando, e o clamor dos trabalhadores chegou aos ouvidos do Senhor todo poderoso” (Tg 5,4). O mundo não mudou nada nesses últimos milênios. Não se condena o bem estar e até o luxo, mas que não seja à custa do sofrimento e da exploração dos outros. A riqueza provinda do pecado não tem futuro e multiplicam os males. Um pecado puxa o outro. Por isso vemos a grande onda de males que há no mundo, na natureza e nas instituições. Tanta coisa feita a partir do mau uso da liberdade e do pecado. A Eucaristia, celebrada com coerência pode orientar nossa vida no caminho do bem.
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