sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Mestre, que eu veja!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
Um Deus que transforma
A liturgia deste 3º Domingo Comum é uma explosão de alegria não diante de um milagre, que já é maravilhoso, mas diante do Deus que opera maravilhas incontáveis. A cura do cego é um exemplo. A profecia de transformação sobre a volta dos exilados se realiza também nos muitos gestos de Jesus. Vivemos continuamente dos milagres que Deus faz por nós. Isso nos leva a tomar uma atitude de um jubiloso agradecimento. Não temos essa sensibilidade espiritual de perceber que em “Deus nos movemos e existimos” (At 17,28). Creio que nos falta sofrimento para saber o quanto Deus nos salva e liberta. O povo no cativeiro foi capaz de perceber que ele era culpado. Estavam pagando pelo pecado de ter abandonado a Deus e não vivido a sua lei. Ali, como nos narra o salmo 137, souberam chorar de saudades da cidade santa e de suas alegrias. Nesse arrependimento, Deus se adianta na libertação, como nos profetiza Jeremias (31,7-9). Deus reúne seu povo disperso e o conduz com carinho, como um pai. O povo exulta, como no salmo 125. A mudança de sofrimento para a vida é como a mudança como das torrentes no deserto. Sentem como numa colheita. A semeadura pode ser dolorosa, a colheita festiva: “Chorando de tristeza sairão. Espalhando suas sementes; cantando de alegria voltarão, carregando seus feixes”(Sl 125). Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria! A Eucaristia quer ser esse momento de ação de graças por tudo. Ela se transformou em um momento de peso, de sono, de missa que lembra mortos, de pressa, de críticas e mal estar. Ela é alegria. 
Ele seguia Jesus
O cego, da escuridão de si mesmo levanta seu clamor: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim” (Mc 10,47). Ainda mandavam que se calasse. Não tem nem o direito de reclamar. Mas sua fé em Jesus supera os obstáculos. Jesus dialoga com ele: “Que queres que eu te faça?” Responde: “Mestre, que eu veja”. O pedido que vem da profundeza do ser nasce da fé profunda. Jesus responde com carinho reconhecendo nele a fé de todo o discípulo: “Vai, a tua a fé te curou!”. Vemos o resultado do milagre: “No mesmo instante ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho”. Há um dado interessante: Quando Jesus o chama, os mesmos que mandavam que calasse, dizem: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama”. O estímulo na fé faz parte da saúde do corpo de Cristo e motiva os que o rodeiam. O milagre não é a solução de um problema pessoal, mas uma proposta de seguir Jesus pelo caminho como discípulo que agora vê Jesus como caminho. Chamá-lo de Mestre é professar sua ressurreição. Jesus é sempre o Vivo. Ele vê a luz e segue a luz. A Eucaristia é momento de ver a luz e seguir no caminho da Luz que é Jesus. Só pensam em cumprir uma lei. Precisamos de uma missa que nasce do milagre dos olhos abertos.
Sacerdócio que transforma
A carta aos Hebreus nos traz uma reflexão sobre o Sumo Sacerdócio de Cristo. Tirado do meio dos homens e, colocado em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus para oferecer dons e sacrifícios pelo pecado. O sacerdócio de Cristo tem essa dimensão antropológica: feito para o bem das pessoas que sofrem o pecado e suas consequências. Marcado pela fragilidade sabe ter compaixão. Vemos aqui que a fragilidade tem uma consequência no carinho e atenção para com as pessoas que necessitam. Geralmente acontece que muitos sacerdotes são duros com o povo porque não vem ou escondem suas fragilidades. São cheios de pecado, por isso, oferecer por si e pelo povo.

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