Evangelho segundo São Mateus 13,54-58.
Naquele tempo, Jesus foi à sua terra e começou a ensinar os que estavam na sinagoga, de tal modo que ficavam admirados e diziam: «De onde Lhe vem esta sabedoria e este poder de fazer milagres?
Não é Ele o filho do carpinteiro? A sua Mãe não se chama Maria e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?
E as suas irmãs não vivem entre nós? De onde Lhe vem tudo isto?».
E estavam escandalizados com Ele. Mas Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua terra e em sua casa».
E por causa da falta de fé daquela gente, Jesus não fez ali muitos milagres.
Tradução litúrgica da Bíblia
São Bernardo (1091-1153)
monge cisterciense, doutor da Igreja
II homília sobre as palavras do Evangelho:
«O anjo Gabriel foi enviado», § 16
«Não é Ele o filho do carpinteiro?»
Irmãos, lembrai-vos do patriarca José [...], de quem José, o esposo de Maria, herdou o nome, mas também a castidade, a inocência e as graças. [...] O primeiro recebeu do Céu o dom de interpretar os sonhos (Gn 40; 41); o segundo não só teve conhecimento dos segredos do Céu, como teve a honra de neles participar. O primeiro providenciou o sustento a todo um povo, fornecendo-lhe trigo em abundância (Gn 41,55); o segundo foi estabelecido como guardião do pão vivo que veio para dar a sua vida ao mundo (Jo 6,51). Não há dúvida de que José, que foi noivo da Mãe do Salvador, foi um homem bom e fiel, ou antes, o «servo bom e fiel» (Mt 25,21) que o Senhor colocou à frente da sua família para ser a consolação de sua Mãe, o pai nutrício da sua humanidade, o colaborador fiel dos seus desígnios para o mundo.
E José era da casa de David [...], descendente da estirpe real, nobre por nascimento, mas ainda mais nobre de coração. Sim, ele era verdadeiramente filho de David, não apenas pelo sangue, mas pela sua fé, pela sua santidade, pelo seu fervor no serviço de Deus. Em José, o Senhor encontrou verdadeiramente, como em David, «um homem segundo o seu coração» (1Sam 13,14) a quem pôde confiar, com toda a segurança, os maiores segredos: revelou-lhe «a sabedoria que instrui no segredo» (Sl 50,8), deu-lhe a conhecer uma maravilha que nenhum príncipe desta Terra conheceu; concedeu-lhe, enfim, ver o que «muitos profetas e reis quiseram ver [...] e não viram», escutar o que muitos queriam «ouvir [...] e não ouviram!» (Lc 10,24). E não apenas vê-l'O e ouvi-l'O, mas também tê-l'O nos braços, conduzi-l'O pela mão, apertá-l'O ao coração, abraçá-l'O, alimentá-l'O e cuidar dele.
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