PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 51 ANOS CONSAGRADO 43 ANOS SACERDOTE |
Como podemos amar?
Continuando a pregação de Jesus
entramos em uma questão que é o forte de sua pregação. Demonstra essa atitude
no momento de sua morte quando diz: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que
fazem” (Lc 23,34). Nessa parte de seu discurso aos
discípulos ensina sobre o amor aos inimigos. Inimigo não é só aquele que me
mata, mas aquele que me faz sofrer. Jesus apresenta aqui a cultura do amor que
bloqueia todo ódio, toda vingança, toda a maldade. Não se trata de ser bobo,
mas mais inteligente que parecemos ser. Podemos sintetizar nas palavras: ir
além do que se espera. Se esperam uma resposta correspondente ao mal que
recebemos, damos a resposta do amor: Amar os inimigos e fazer bem a quem nos
odeia... bendizer a quem nos amaldiçoa... oferecer a face esquerda a quem bate
na direita... dar o manto a quem toma a túnica... não cobrar o que te levam.
Que vamos fazer de especial se fizermos o que os maus fazem? “O que desejais
que os outros vos façam fazei-o também vós a eles” (Lc
6,31).
Como o mandamento do amor se refere ao relacionamento com os outros, Jesus
mostra como viver esse relacionamento com aqueles que não pensam como nós, nem
são como nós. Esse negócio de viver somente no próprio grupo de gente igual a
nós, nosso clubinho, não é caminho do evangelho, nem é evangelizador. É o
exemplo que recebemos de Davi que teve em suas mãos seu maior inimigo, o rei
Saul, e não se vingou dele. Daí podemos ver como somos desejando a morte dos
perigosos e inimigos. Concordar com a morte de alguém é ser seu assassino.
O Pai é o modelo
O
salmo nos leva a rezar a bondade de Deus que Jesus nos apresenta como modo
normal de vida cristã, pois é o normal na vida de Deus para conosco. Ele perdoa toda culpa e cura toda
enfermidade... O Senhor é indulgente, é
favorável, é paciente, é bondoso e compassivo, tira da sepultura a tua vida e
te cerca de carinho e compaixão... Como um pai se compadece de seus filhos o
Senhor tem compaixão dos que o temem (Sl 102). Jesus nos
estimula a ter os sentimentos de Deus. Somos estimulados a ter os mesmos sentimentos
de Deus: amor, perdão e misericórdia. Não dependo dos outros para assumir o que
é de Deus. Não nos medimos pelo mal alheio. Ao cuidar de nós, o Pai vai além de
tudo que possamos imaginar. Deus sempre chega primeiro. Por isso, a atitude
cristã em relação aos outros, sobretudo aos que nos criam dificuldades deve ser
a mesma do Pai. Chegamos primeiro e o que fazemos supera toda expectativa. O
mal é inferior ao bem que possamos fazer. O mal passa, o bem frutifica porque
está plantado no jardim do coração do Pai. Produz os mesmos frutos. Como o Pai
sabe do que precisamos, já bem antes de o dizermos (Mt
6,8),
assim podemos dar passos em direção aos outros no amor e não apenas receber.
Imagem do homem celeste
São Paulo nos explica em
Coríntios (1Cor 15,45-49) sobre o homem
natural e o homem espiritual. O homem terrestre foi tirado da terra, o homem
espiritual vem do Céu. Não se trata de personalidades diferentes, mas daquilo
que está em nós por sermos humanos e por sermos feitos à imagem e semelhança de
Deus. Em tudo o homem é devedor da terra, mas o é também devedor do Céu. O
primeiro homem foi um ser vivo. O segundo Adão é um espírito vivificante. Com
Cristo surge entre nós o homem celeste, voltado para as coisas de Deus. Não
deixa de viver na terra, mas vive do modo de Deus. Por isso existe essa
maravilha do amor de Deus presente em nós produzindo frutos.
Leituras:1Samuel 26,2.7-9.12-13.22-23; Salmo 102; 1Coríntios
15,45-49; Lucas 6,27-38
1. Em resposta
ao ódio se apresenta algo maior, o amor.
2. Jesus
estimula a ter os sentimentos de Deus
3. O homem
terrestre viva a modo de Deus.
Tapinha nas costas
Em
um exército de inimigos, não resolvem muitas armas. Uma só vale: um tapinha nas
costas. Mata mais que muito furor. É o ensinamento de Jesus. Não sabemos como
funciona. Mas funciona, pois sua ressurreição foi capaz de dar um rumo novo
para o mundo. Jesus nos deu um tapinha nas costas para dizer: vai tudo muito
bem.
A doutrina do perdão aos inimigos é uma contracorrente que tem força superior, pois a maldade passa, o amor permanece. Quem não se deixa vencer pelo mal, mas vende pelo bem, é capaz de sobreviver em qualquer circunstância.
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