quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Escutai o que Ele diz!”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
Escutai o que Ele diz. 
“Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver na terra dos viventes” (Sl 26,13). No coração do homem há um profundo desejo de ver Deus. Essa visão de Deus se dá através de Jesus. Pedro guardou profunda memória da visão que teve de Cristo transfigurado. Mais que a visão, guardou a voz: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (2Pd 1,17-18). Lucas narra a transfiguração e diz: “Escutai o que Ele diz” (Lc 9,35). Ouvindo Jesus participamos de sua transfiguração. Ver Deus é vê-Lo agindo em nós e nos transfigurando. Nos evangelhos a transfiguração de Jesus no Monte Tabor é a resposta à situação de fragilidade de Jesus tentado, recusado, morto e sepultado. Tudo isso aconteceu não sem acontecer a Ressurreição. Ela dá sentido a tudo o que Jesus passou. Ver Deus é ver também seu Cristo padecente e participar de seus sofrimentos; “Se com Ele morremos, com Ele viveremos. Se com Ele sofremos, com Ele reinaremos” (2Tm 2,11-12). A visão de Deus passa pelo mesmo caminho de Jesus: sofrimento, morte e ressurreição. É a Palavra de Deus que nos garante. Moisés e Elias, grandes líderes e profetas do povo, profetizaram em vista de Jesus. Ouvindo a Palavra entramos na “nuvem” que é a presença de Deus e entendemos o novo caminho aberto por Jesus. Agora há um novo caminho, não mais por Moisés e por Elias, mas por Jesus. É a Ele que devemos ouvir. Abraão fez uma aliança com Deus passando através dos animais partidos ao meio (Gn 15,5-18). Jesus partido pela lança no sofrimento de sua paixão realiza a nova aliança. Deus nos dá uma terra: “Somos cidadãos do céu... Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso com o poder que tem de sujeitar a si todas as coisas” (Fl 3,20-21). 
É bom estarmos aqui 
A Quaresma é o tempo da Igreja para nos prepararmos para a Páscoa. Ela é a passagem de Deus entre nós libertando-nos através de seu Filho e introduzindo-nos na terra prometida da vida da graça. No Monte Tabor, diante da maravilhosa visão de transfiguração e presença de Moisés e Elias, Pedro diz: “É bom estarmos aqui”. Sentia-se bem em tão precioso momento. Entram na nuvem que é a presença de Deus. O medo que sentem é o santo temor respeitoso e atrativo da presença de Deus. A Quaresma é o tempo de entrarmos na nuvem, isto é, vivermos com maior intensidade a força da graça redentora de Cristo. Por isso a Palavra de Deus é abundante. As cerimônias querem proporcionar o momento de encontro com Deus para ouvir. É o tempo de transfiguração, mesmo sofrendo as consequências do mal que nos cerca e também está dentro de nós. Vivendo a conversão na comunidade saboreamos a presença de Deus, ouvindo seu Filho. 
Participar das coisas do Céu 
 Rezamos na oração Pós-Comunhão dizendo ao Pai: “Comungamos no mistério da Glória e nos empenhamos em render graças, porque nos concedeis, ainda na terra, participar das coisas do Céu”. Esta dimensão da união entre o Céu e a terra na celebração nos ensina que não há separação entre a vida futura e a vida que vivemos na fé e nos sacramentos. Por isso o Mistério da Transfiguração nos mostra Jesus glorificado e Homem das dores. No prefácio rezamos: “Pelo testemunho da Lei e dos Profetas, nos ensina que, pela Paixão e Cruz, chegará à glória da Ressurreição”. Contemplando Jesus tentado pelo demônio e glorificado pelo Pai, podemos viver bem nossa preparação para a Páscoa da Ressurreição.

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