sábado, 23 de fevereiro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Ele venceu a tentação”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
(Na foto, ao fundo, o estimado Padre Brandão)
Conhecimento de Jesus Cristo 
A celebração da Páscoa é o centro da vida da Igreja, tanto no momento celebrativo como na vida de fraternidade. A Quaresma passou por uma mudança do tradicional para um moderno nada espiritual. Antes se acentuava muito o aspecto penitencial perdendo o sentido dessa penitência como preparação para a Páscoa. Esse tempo litúrgico tem um caráter sacramental, pois realiza o que simboliza. O texto da oração da missa, coleta, dá três indicações para a vivência: “Ao longo desta Quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa”. O primeiro aspecto é sacramental que não se nota no texto em português. Mas em latim se diz “sacramento da Quaresma”. Não é um sacramento a mais, mas, vivendo bem a Quaresma, poderemos receber os frutos espirituais como recebemos dos sacramentos. Todo o empenho da Quaresma redunda em crescimento da vida cristã. Por isso, a oração da missa dá a primeira indicação: “progredir no conhecimento de Cristo” (Ef 1,17) As penitências são ótimas, mas o importante é crescer no conhecimento de Jesus Cristo. “Conhecendo-O, continua Paulo, sabemos qual é a esperança que o seu chamado encerra, qual é a riqueza da glória da sua herança entre os santos e qual é a extraordinária grandeza do seu poder para nós, os que cremos” (Ef 1,18-19). A piedade popular é bonita, mas, se não conduz ao conhecimento de Cristo Salvador, não sabemos o que celebrar na Páscoa. As tentações de Jesus são uma escola para nós. Se não fosse tentado, não seria o exemplo de como vencer a tentação. Nele fomos tentados, Nele vencemos, diz S. Agostinho. 
Corresponder com a vida 
Os evangelhos apresentam três tentações de Jesus. Estas resumem em si todas as tentações possíveis ao ser humano. Se por um lado temos o mal, por outro temos o caminho para vencer a tentação. Este caminho é proposto pela oração da celebração: “Corresponder ao seu amor com uma vida santa”. A vida santa é a vitória sobre a tentação através dos meios usados: viver da Palavra de Deus (Lc 4,4), adorar e servir a Deus e não ao prazer (5); não tentar a Deus (12). Sintetizamos em outros termos do ensinamento de Jesus: desapego e pobreza, pureza de coração e amor, humildade e acolhimento. Ao pão respondemos com a Palavra de Deus; ao prazer respondemos com o amor doação e ao poder, respondemos com a humildade que vence todo orgulho. Vamos atravessar a onda de pecado que invade o mundo, guiados pelo Espírito Santo que conduzia Jesus. A abertura ao Espírito é condição fundamental para atravessar o deserto da Quaresma.
Produzir Frutos 
Continuando a oração chegamos à sua conclusão: “Corresponder a seu amor por uma vida santa”. Que santidade é proposta pela espiritualidade pascal? Na oração pós-comunhão rezamos: “Dai-nos desejar o pão vivo e verdadeiro e viver de toda palavra que sai de vossa boca”. Jesus é a Palavra Viva encarnada cujas palavras são palavras de vida. Vivendo a Palavra nas obras de caridade, oração e conversão, estamos correspondendo ao espírito proposto para a Quaresma. O fruto será sempre a ressurreição com Cristo. Por isso a Quaresma tem um modo sacramental. A celebração nos une ao futuro: “Celebrando agora o mistério Pascal, nos prepararmos para a Páscoa definitiva” (prefácio). As celebrações não só ritos, mas participação do mistério celebrado. É bom escolher uma penitência, mas é bom também ouvir a Palavra, rezar e participar das celebrações.

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