quarta-feira, 20 de junho de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Subiu ao Céu”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO
Participando da Glória
               A festa da Ascensão do Senhor é um mistério de Jesus que fica à margem da reflexão e da vivência cristã. Faz parte de nossa fé. Rezamos no Creio da missa: “E subiu aos Céus onde está sentado à direita do Pai”. Contudo, se Cristo não tivesse subido ao Céu, qual seria o sentido da Ressurreição? Ele estaria vagando? Os mistérios de Cristo são um todo no qual um está unido ao outro. Sua subida ao Céu mostra que desceu, não na linguagem humana de lugar, mas em sua condição. Encarnou-Se e Se fez homem. Agora, Jesus, Homem-Deus, entra na manifestação de sua Glória. Na pessoa do Filho eterno do Pai, há uma novidade: É também Homem Glorificado. Antes da Encarnação o Filho de Deus não tinha nossa condição humana. Agora tem consigo toda Humanidade que Lhe está unida. Por isso, rezamos na oração da missa: “Ó Deus todo poderoso, a Ascensão de vosso Filho já é nossa vitória”. O prefácio da missa reza o resultado da Ascensão para Jesus: “Vencendo o pecado e a morte, Vosso Filho Jesus, Rei da Glória, subiu ante os anjos maravilhados ao mais alto dos céus. E tornou-se o mediador entre vós Deus, Nosso Pai, e a humanidade redimida, juiz do mundo e Senhor do Universo. Ele, nossa cabeça, subiu aos Céus, não para afastar-se de nossa humildade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à glória da imortalidade” (Prefácio). Vemos o que significou sua glorificação e ao mesmo tempo sua referência a nós como o Mediador. Não se afastou, mas se tornou a garantia de nossa imortalidade. Nele somos colocados no seio da Trindade. Paulo nos convida a conhecer o que somos no mistério de Cristo glorificado e o destino de todas as coisas que convergem para Ele.
Liturgia dos vivos.
               A Ascensão inaugura para a Igreja o dom de celebrar a Liturgia que acontece no Céu, como nos ensina Paulo VI. Sabemos que a liturgia “é o exercício da função sacerdotal de Cristo que simboliza através de sinais sensíveis e realiza de modo próprio a cada sacramento, a santificação dos homens; nela o corpo místico de Cristo, cabeça e membros, presta a Deus o culto público e integral” (SC 7). Uma das missões da Igreja é o culto que presta a Deus unida ao Cristo. Há uma única celebração, a do Cristo ao Pai, à qual Ele nos concede participar. Toda a celebração é a irrupção na comunidade do mistério do relacionamento do Filho com Pai como louvor e amor. Rezamos: “Celebrando a memória de sua Paixão que nos salva, da sua gloriosa Ressurreição e da sua Ascensão ao Céu, e enquanto esperamos sua nova vinda, nós Vos oferecemos este sacrifício de vida e santidade”. A liturgia está unida à Ascensão, pois foi em sua entrada na Glória que a humanidade, unida à humanidade glorificada do Filho, iniciou o culto em Espírito e Verdade, como Jesus disse à samaritana (Jo 4,23).
Com os pés na terra.
               A festa da Ascensão nos convida a “conviver na terra com as realidades do céu”. Rezamos: “Fazei que nossos corações se voltem para o alto onde está junto de vós a nossa humanidade” (Pós-comunhão). Esta grande espiritualidade não pode se tornar um distanciamento das realidades terrenas e nosso compromisso com o Corpo de Cristo que sofre tantos males em nossos irmãos. É o que afirmaram os Anjos ao dizerem: “Por que estar olhando para o alto”. A celebração tem sempre uma destinação para a caridade concreta na vida social. A vida terrena de Cristo continua em todos os que creram. É o mandato da missão: “Recebereis o Espírito Santo que descerá sobre vós, para serdes minhas testemunhas... até os confins da terra” (At 1,8). Não percamos a meta, mas sejamos operosos na caridade.

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