Terminado o Tempo
Pascal voltamos ao Tempo Comum. Temos duas fases deste Tempo: Após o Natal até
à Quaresma e depois da Páscoa até ao Advento. É o equilíbrio da celebração do
Mistério de Cristo que tem momentos fortes e momentos menos festivos. Nesse
tempo não se celebra um aspecto particular da vida de Cristo, mas nos introduz
em todo seu mistério através da leitura do Evangelho. Nesse 12º domingo Jesus
ensina que Ele próprio passou pela a perseguição do justo, fruto do pecado do
mundo e tem confiança no Pai. Torna-se, por seu sofrimento, causa de Salvação
abundante, muito maior que o mal provocado por Adão como escreve Paulo aos
Romanos: “A transgressão de um só levou a multidão humana à morte, mas foi de
modo bem superior que a graça de Deus, ou seja, o dom gratuito concedido
através de um só homem, Jesus Cristo, se derramou em abundância sobre todos”
(Rm 5,15). Devemos ter absoluta certeza que a graça de Deus em Cristo para a
salvação de todos é maior, mais poderosa e mais eficiente que a força do mal.
Não se trata de força ou de luta entre bem e mal, mas do dom da Graça
benevolente de Cristo que é oferecida a todos. Quem acolhe Cristo e sua
Palavra, é acolhido por Cristo que o garante junto do Pai. Quem conhece Cristo
participa de sua missão de anúncio. Quem O conhece, proclama sobre os telhados.
Declarar-se pelo Senhor não é uma opção a mais, mas a opção que penetra nossas
escolhas, mesmo que elas nos custem a rejeição dos inimigos da cruz (Fl 3,18).
É a opção fundamental. Sem ela a fé não se desenvolve.
Onda de pecado
O mistério do Mal
nos cerca. Os mistérios não são ocultos ou inacessíveis, e sim, abertos a uma
compreensão sempre maior como o mistério da Trindade Santa. Aprendemos para
viver melhor e, vivendo melhor, aprendemos mais. Mesmo tendo a Graça em nós,
temos a tentação. Estamos envolvidos desde o início da humanidade em uma onda
de mal que chamamos pecado original. Original não porque esteja na origem, mas
porque é origem de todos os males. Paulo diz: “O pecado entrou no mundo por um
só homem” (Rm 5,12). Como aconteceu, não sabemos. Sabemos que penetra onde lhe
abrimos a porta. Temos a tendência ao mal que domina e tem força quando lhe
damos espaço. O mal é opção pessoal. Deus não disputa com o mal, com risco de
perder. Não há um dualismo de bem e mal que lutam para dominar. Como o mal é
uma escolha, rejeita Deus e o que é de Deus. Aqui entendemos essa permanente
rejeição e perseguição a Cristo e aos seus seguidores. É fruto do maligno. A
onda do pecado original cresce com os pecados pessoais. À medida que vencemos o
mal optando pelo bem, as realidades se transformam e vivemos o Reino de Deus e
sua justiça.
Não tenhais medo.
Temos a missão de
anunciar o que ouvimos ao pé do ouvido. Isso pode custar caro, como nos narra o
Profeta Jeremias. Os profetas são sempre perseguidos e até mortos. Uma coisa
não podemos esquecer, como rezamos no salmo 68: “Por vossa causa é que sofri
tantos insultos”. E o profeta diz: “Eu ouvi as injúrias de tantos homens e os
vi espalhando medo ao meu redor” (Jr 20,10). Jesus alerta ao que ter medo: “Não
tenhais medo dos que matam o corpo mas não podem matar a alma. Pelo contrário,
temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no Inferno” (Mt 10,28). O que
nos conforta é que o Senhor não nos abandona. Jeremias diz: “O Senhor está ao
meu lado, como forte guerreiro” (Jr 20,11).
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