Evangelho segundo S. Mateus 6,24-34.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.
Por isso vos digo: Não vos preocupeis, quanto à vossa vida, com o que haveis de comer, nem, quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que o vestuário?
Olhai para as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; o vosso Pai celeste as sustenta. Não valeis vós muito mais do que elas?
Quem de entre vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à sua estatura?
E porque vos inquietais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam;
mas Eu vos digo: nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles.
Se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao forno, não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?
Não vos inquieteis, dizendo: "Que havemos de comer? Que havemos de beber? Que havemos de vestir?"
Os pagãos é que se preocupam com todas estas coisas. Bem sabe o vosso Pai celeste que precisais de tudo isso.
Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo.
Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, porque o dia de amanhã tratará das suas inquietações. A cada dia basta o seu cuidado».
Tradução litúrgica da Bíblia
São Boaventura (1221-1274)
franciscano, doutor da Igreja
«Itinerário da mente para Deus», cap. 1
Como são belas as vossas obras, Senhor!
A beleza das criaturas, a variedade de luzes, de desenhos e de cores dos corpos dos astros e dos minerais, das pedras e dos metais, das plantas e dos animais proclama à evidência os atributos de Deus.
A ordem dos seres permite-nos descobrir no livro da criação a primazia, a sublimidade e a dignidade do primeiro princípio, com o seu poder infinito. A ordem das coisas conduz-nos pela mão até ao Ser primeiro e soberano, todo-poderoso, absolutamente sábio e perfeitamente bom.
Aquele que não se deixa iluminar por tantos esplendores criados é cego. Aquele que não se deixa despertar por tantos gritos é surdo. Aquele que não canta os louvores de Deus ao contemplar todas as suas obras é mudo. Aquele que, ao ver tantos sinais, não se sente levado a reconhecer o primeiro princípio é néscio.
Abre os olhos, inclina os ouvidos da tua alma, solta os lábios, aplica o coração, e todas as criaturas te levarão a ver, a ouvir, a louvar, a amar, a servir, a glorificar e a adorar o teu Deus. De contrário, tem cautela, pois o universo pode voltar-se contra ti. Com efeito, por tal esquecimento, «um dia, o mundo esmagará os insensatos» (Sab 5,21, Vulg.), ao passo que o mesmo mundo será uma fonte de glória para o sábio, que pode dizer com o profeta: «Tu me encheste de alegria, Senhor, com a tua criação; exulto com a obra das tuas mãos!» (Sl 91,5) «Que magnificência nas tuas obras, Senhor! Tudo fizeste com sabedoria, a Terra está cheia das tuas criaturas!» (Sl 103,24).
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