Jesus define que Deus é Amor. A
manifestação de Deus ao mundo se dá num ato de amor: “Nisto se manifestou o
amor de Deus entre nós: Deus enviou o seu Filho unigênito ao mundo para que
vivamos por Ele. “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas
foi Ele quem nos amou primeiro e envio-nos o seu Filho como vítima de expiação
pelos nossos pecados” (1Jo
4,10). O amor de Deus em nós é manifestado pelo Espírito que é o amor. O
Espírito é o amor de Deus vivente em nós. É fonte que gera o amor. Esse amor se
manifestou em Cristo como dom: “Nisto conhecemos o Amor: Que Ele deu a vida por
nós. E nós também devemos dar nossas vidas pelos nossos irmãos” (1Jo 3,16). O que
vemos é que o amor como dom, tornou-se somente um dado da vida cristã e não o
núcleo, pois nele está Deus, o Pai que ama dando o Filho e com isso ensina a
viver como Deus vive. Amor é sentimento, mas antes disso é vida e ação, é
doação, é entrega e busca do outro. Somente assim podemos nos realizar na
grandeza da vida cristã. Sem isso, a fé e a prática religiosa perdem o sentido
e o conteúdo. Somos muito preocupados com a verdade, que seja certa e não
contenha desvios. A fé é fundamental, mas, sem o amor, ela se torna uma crença
vazia. Não há fé sem amor, nem amor sem fé. Por isso temos a esperança que
mantém vigilante a fé e praticante a caridade. Amar é entrar em ritmo de doação
e de entrega. O dom de Deus presente em nós é para que sejamos dom que conduz
ao Dom. Essa é a missão do Espírito: manter viva a chama do dom da entrega
pessoal.
2045. Um Espírito para todos
Como a chuva, o Espírito vem para
todos e em cada um desenvolve seu dom pessoal. O mesmo Espírito está em todos e
em cada um manifesta um modo diferente de agir. Deste modo supre todo o corpo
de Cristo, que é a Igreja, de todas as riquezas para que em nada Cristo seja
esquecido ou ocultado. A riqueza do dom compromete a intensidade da resposta na
corresponsabilidade para com todo o Corpo de Cristo. Nada falte em Cristo, no que
depende de nós. A espiritualidade, tanto popular como oficial, exige igualdade.
Anula-se a pessoa e se oculta o dom do Espírito. Deve haver a conjunção das
forças espirituais e dos dons para o comum, mas não se justifica a anulação. O
próprio Espírito Santo conduz para a formação do corpo, como nos diz S. Paulo.
Vemos os membros do corpo: São todos diferentes e nenhum pode faltar. A
igualdade será cada um conservar suas particularidades. Paulo diz: “O corpo não
se compõe de um só membro, mas de muitos... Deus dispôs cada um dos membros no
corpo, segundo sua vontade. Se o conjunto fosse um só membro, onde estaria o
corpo?” (1Cor 11,1-21).
Não se refere somente à pessoa, mas também ao dom que o Espírito dá. Os dons
espirituais compõem o Corpo de Cristo,
2046. Como o vento
Ninguém é dono do Espírito Santo e
nem de seus dons. “O vento sopra onde quer e ouves o seu ruído, mas não sabes
de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito”
(Jo 3,8). Vento
e Espírito são a mesma palavra em grego (Pneuma). Como o Espírito é
incontrolável, assim também é quem vive do Espírito. Com o Espírito se torna continuação
viva de Jesus que vivia o movimento do Espírito. Por isso é preciso ser aberto
e não querer enquadrar o Espírito em nossos esquemas. O Espírito é, sobretudo,
Livre. Está a nosso favor, mas não é nosso empregado só para dar-nos dons. Ele
dá muito serviço, pois nos torna iguais a Jesus que era puro dom do Pai e doou
sua Vida.
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